Projetada por Frank Lloyd Wright sobre uma cachoeira, a Casa da Cascata segue encantando 140 mil visitantes por ano e enfrenta agora nova fase de obras milionárias para preservar sua estrutura e status de patrimônio mundial da UNESCO
Considerada “a melhor obra arquitetônica” de todos os tempos, a Casa da Cascata — ou Fallingwater — é uma das criações mais marcantes do arquiteto americano Frank Lloyd Wright. Localizada ao sudeste da cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, a residência surpreende porque não foi construída ao lado da cachoeira Bear Run, mas literalmente sobre ela.
Hoje, o imóvel é patrimônio histórico dos EUA e funciona como museu, recebendo milhares de visitantes todos os anos.
Sua integração com a natureza e o estilo orgânico a tornaram um símbolo da genialidade de Wright e da ousadia da arquitetura moderna.
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Um projeto que nasceu de um desacordo
Segundo a BBC, em reportagem de 2017, o projeto surgiu de uma encomenda feita pelo empresário Edgar J. Kaufmann e sua esposa, Liliane.
O casal desejava uma casa com vista para a cascata. Wright, porém, contrariou o pedido e propôs algo muito mais radical: erguer a estrutura diretamente sobre o curso d’água.
Era a década de 1930, marcada pela Grande Depressão, e Wright já era conhecido por seu talento inquestionável e por sua personalidade provocadora.
Em certos momentos, o arquiteto chegou a ameaçar desistir da obra porque o cliente discordava de suas ideias. Após longas discussões, finalmente começaram as obras.
Desafios técnicos e charme natural
A ousadia do projeto trouxe dificuldades. Parte da construção começou a ceder, e problemas de infiltração surgiram logo após o início dos trabalhos.
Mesmo assim, Liliane passou a admirar o resultado, que destoava completamente das casas tradicionais.
Em uma carta a Wright, ela escreveu que via de sua janela “uma árvore com galhos nus entrelaçados”, considerando-a “um substituto mais que satisfatório para cortinas”.
Essa descrição refletia exatamente o espírito da obra: harmonia entre o natural e o humano, entre pedra, madeira e água corrente.
Reconhecimento e restauração milionária da Casa da Cascata
Concluída em 1938, a Casa da Cascata ganhou fama imediata. No mesmo ano, apareceu na capa da revista Time, que a classificou como “a obra mais bela” do arquiteto. Avaliada em 155 mil dólares na época, Wright recebeu 8 mil pela criação.
Décadas depois, a estrutura apresentou sérios riscos estruturais. Para evitar o desabamento, foram investidos mais de 11 milhões de dólares em um extenso processo de restauração que garantiu sua preservação.
Atualmente, a Casa da Cascata está em um novo processo de restauração importante que se estende até 2026.
O destino triste e o legado da Casa da Cascata
A história da residência também foi marcada por tragédias. Em 1952, Liliane Kaufmann cometeu suicídio na casa, e três anos depois o marido morreu.
O filho do casal, Edgar Jr., herdou a propriedade e a dividiu com o arquiteto Paul Mayén, que projetou o centro de visitantes e a loja de souvenirs no início dos anos 1980.
Posteriormente, Edgar Jr. doou o imóvel à Conservação Ocidental da Pensilvânia, que desde então mantém viva a obra que uniu arte, natureza e audácia — uma casa literalmente construída sobre o som eterno de uma cachoeira.
Com informações de Aventuras na História.