Da Rússia à China, Tomás Noronha, a personagem mais famosa de José Rodrigues dos Santos, já viajou pelo mundo inteiro. No novo livro do autor e jornalista, “O Sexto Sentido”, parte noutra viagem, desta vez mais introspetiva. A obra chegou às livrarias esta terça-feira, 21 de outubro.
Nas 576 páginas, o autor reflete sobre temas como a morte, a consciência e o que pode existir para além do corpo. “Quem conhece os meus romances sabe que eles andam todos em torno da questão do sentido da vida”, diz à NiT.
“Abordo esse tema de múltiplos ângulos, da física à matemática, da biologia à inteligência artificial, passando pela etologia, pela filosofia, pela história, pela ética, pela religião, pela estética, pela economia, pela política e pela geopolítica”, acrescenta o autor.
Desta vez, o fio condutor da narrativa são os enteógenos, substâncias psicotrópicas com potencial terapêutico, cujo nome grego significa “o divino dentro de nós”. O autor explica que estão a revelar-se eficazes no tratamento de doenças como depressão, ansiedade, stress pós-traumático e dependências.
Tudo começa com a queda de Kurt Weilmann do décimo andar de um hotel em Lisboa. Antes de morrer, murmura: “unio mystica, misterium tremendum”. As autoridades não sabem se foi acidente, suicídio ou homicídio. No quarto, encontram o nome de Tomás Noronha escrito numa mensagem. A partir daí, o historiador é envolvido no caso e avisado pela CIA de que está em perigo: quem matou Weilmann também o quer eliminar.
A sua sobrevivência depende da resolução do mistério, que o leva até ao universo dos enteógenos. A ideia para o livro surgiu após uma conversa com a filha mais nova. “De início resisti, mas quando comecei a pesquisar o assunto percebi que o tema era de facto imensamente rico, pois coloca-nos perante os maiores mistérios da vida”, conta. “O que acontece quando morremos? Que tipo de ligação temos com tudo o que nos rodeia? Qual o sentido da nossa existência?”

A investigação durou cerca de um ano e baseou-se em dezenas de estudos científicos. Durante a pesquisa, descobriu que o Infarmed aprovou recentemente o uso destas substâncias em Portugal, acompanhando uma tendência internacional. No entanto, o que mais o impressionou foi o impacto filosófico e espiritual. “O poder parece ir para além da terapia. Eles estão a mostrar capacidade de nos revelar coisas profundas sobre nós mesmos, a realidade, a vida e o universo.”
Este cruzamento entre ciência e espiritualidade já é habitual nos seus romances, mas nunca foi tão evidente. “Desde Espinosa que sabemos que o natural e o divino se cruzam. Deus é a natureza e a natureza é Deus”, diz. “É curioso ver como esta visão filosófica encontra eco nas mensagens transmitidas pelos enteógenos e também nas grandes descobertas da física moderna.”
O nome do livro remete para o conceito central da obra. “Na física, há um conceito fundamental designado ‘função de onda’. Einstein chamava-lhe ‘campo fantasma’, pois é algo ‘que só adquire realidade quando é conscientemente observado’.” Segundo o autor, isso transforma a consciência “na verdadeira criadora da realidade”. “O universo criou a consciência e, estranhamente, é a consciência quem cria o universo. Como o faz? Graças a uma espécie de sexto sentido ativado pelos enteógenos.”
No romance, Tomás Noronha submete-se a uma experiência controlada com enteógenos no Centro Champalimaud, com o objetivo de perceber o que acontece após a morte e talvez descobrir o verdadeiro sentido da vida. “Há respostas para os mistérios da existência”, garante o autor.
“O Sexto Sentido” já está à venda e atualmente encontra-o por 20,25€, graças a um desconto de 10 por cento. No entanto, o valor habitual vai ser de 22,50€.
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