A escassez de chips causada por restrições da China à neerlandesa Nexperia, ameaça perturbar a produção de automóveis na Europa.

A indústria automóvel está a ficar sem tempo e prepara-se para ter de lidar com perturbações e até paragens de produção.

Em causa, está a crise de chips provocada pelas restrições de exportações feitas pela China à Nexperia, um fabricante de chips neerlandês, controlada pela chinesa Wingtech, que vende cerca de 60% da sua produção para a indústria automóvel.

“A situação pode levar a restrições significativas de produção, possivelmente mesmo paralisações num futuro próximo”, alertou Hildegard Müller, presidente da VDA (Associação Alemã da Indústria Automóvel).

nexperia chips (1)© ACEA Embora os chips da Nexperia não sejam considerados topo de gama — não são os mesmos utilizados nos carros autónomos —, são usados para várias funções essenciais no automóvel, que vão desde a iluminação a unidades de controlo eletrónico.

Fontes citadas pela Bloomberg indicam que a falta de chips poderá afetar os principais fornecedores dentro de uma semana e espalhar-se por todo o setor em 10 dias a 20 dias.

O que está a acontecer?

O problema começou quando o governo chinês proibiu a Nexperia de exportar os chips produzidos na China, numa reação à nacionalização da empresa pelo governo neerlandês — pressionado pelos EUA — que limitou a influência da Wingtech.

Em reunião no dia 21 de outubro, o ministro do comércio chinês, Wang Wentao, afirmou que a decisão neerlandesa “afetou seriamente” a estabilidade da cadeia de abastecimento global.

Recorde-se que a ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis) já se tinha pronunciado relativamente a esta problemática: “Sem estes chips, os fornecedores automóveis europeus não conseguem fabricar as peças e os componentes necessários para abastecer os construtores, ameaçando interromper a produção. Os stocks atuais de chips da Nexperia devem durar apenas algumas semanas”, disse.

O governo neerlandês assumiu que permaneceria em contato com as autoridades chinesas para trabalhar “na direção de uma solução construtiva”.

linha de produção do Volkswagen Golf© Volkswagen A Volkswagen terá iniciado negociações com as autoridades laborais para avaliar a possibilidade de lançar um programa de redução do horário de trabalho com apoio estatal, que poderá afetar dezenas de milhares de trabalhadores, disse o jornal Bild. A marca recusou comentar.

Também os construtores e fornecedores automóveis anunciaram estar a realizar reuniões de crise com as autoridades governamentais de forma a traçar planos de contingência, mas alertaram que qualquer qualificação de componentes de reposição levará meses, não dias.

A Volkswagen, por exemplo, informou os funcionários de que a produção ainda não foi afetada pela escassez de chips, mas admitiu que poderá sofrer impactos a curto prazo. Saiba as medidas que os construtores e fornecedores estão a tomar:

O encontro entre Donald Trump, presidente dos EUA, e Xi Jinping, presidente da República Popular da China, marcado para este mês na Coreia do Sul também poderá redefinir o ambiente comercial entre Washington e Pequim. Contudo, permanecem incertezas sobre a realização da reunião devido às tensões crescentes.

Sabe esta resposta?
A Nexperia é controlada por que empresa chinesa?