Desde a invasão em grande escala à Ucrânia, a Índia tornou-se no maior comprador de petróleo bruto russo
Refinarias indianas estão prestes a reduzir drasticamente as importações de petróleo russo para cumprir com as exigências feitas pelos EUA e, assim, impedir novas sanções, depois de dois dos principais produtores russos terem sido visados por Donald Trump.
“Haverá um corte enorme. Não prevemos que chegue ao zero imediatamente, pois alguns barris entrarão no mercado por meio de intermediários”, referiu uma fonte de uma refinaria indiana.
A decisão ocorre num momento em que a Índia tem enfrentado tarifas de 50% sobre as suas exportações para os EUA, com metade dessas taxas a serem retaliação às compras de petróleo russo.
Desde a invasão em grande escala à Ucrânia, a Índia tornou-se no maior comprador de petróleo bruto russo, importando quase dois milhões de barris por dia nos primeiros nove meses deste ano, através de via marítima. As sanções norte-americanas têm como alvo a Lukoil e a Rosneft, os dois maiores produtores de petróleo da Rússia.
“A recalibração das importações de petróleo russo está em andamento e a Reliance estará totalmente alinhada com as diretrizes do GOI (Governo da Índia)”, sublinhou um porta-voz da Reliance, quando questionado se a empresa prevê cortar as suas importações de petróleo bruto da Rússia.
A informação surge horas de Washington anunciar novas tarifas contra a Rússia, as primeiras do segundo mandato de Donald Trump contra Moscovo pelas suas ações na Ucrânia.
“Se o governo Trump realmente apoiar as palavras de hoje [quarta-feira] com ações, prevemos que as refinarias que buscam manter o acesso aos mercados de capitais dos EUA abrirão mão dos barris russos”, escreveu a analista da RBC Capital, Helima Croft.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos deu às empresas até 21 de novembro para encerrarem as transações com os produtores de petróleo russos, segundo um comunicado publicado na quarta-feira.
Operadores já procuram alternativas
Segundo a Reuters, a gigante indiana Reliance Industries tem nos últimos dias intensificado a compra de petróleo bruto no mercado internacional, recorrendo a fornecedores provenientes do Médio Oriente e do Brasil, para compensar a redução das importações da Rússia.
Fontes próximas da empresa adiantam que, mesmo antes da recente ação dos Estados Unidos contra o petróleo russo, a Reliance já ponderava suspender as importações destinadas a uma das suas refinarias de exportação. A decisão estará relacionada com a entrada em vigor, em janeiro, da proibição da União Europeia sobre produtos refinados a partir de crude russo.
De acordo com operadores de mercado, a empresa foi vista esta quinta-feira a negociar novos carregamentos, tendo contactado comerciantes do Médio Oriente em busca de fornecimentos imediatos.
Outra refinaria indiana, neste caso a Nayara Energy, cujo principal acionista é a russa Rosneft, também continua a adquirir petróleo da Rússia, embora não tenha comentado a situação.
Entretanto, os preços internacionais do petróleo reagiram em alta. O barril de Brent subiu mais de 3% esta quinta-feira.