O Brasil responde por quase 96% dos casos de chikungunya confirmados neste ano nas Américas, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O País também contabiliza cerca de 72% das mortes pela doença no mundo.

Entre 1º de janeiro e 23 de outubro, o Brasil registrou 101.043 casos confirmados e 114 mortes. No mesmo período, a região das Américas reportou um total de 228.591 casos suspeitos, incluindo 100.329 casos confirmados, e 115 mortes.

O Rio Grande do Sul registrou em 2025 – dados até esta quinta-feira – 381 casos confirmados. Para comparação, em 2024, foram registrados apenas 12 no ano inteiro e, em 2023, 51 casos foram confirmados. Este ano registrou o maior número da série histórica, dados acompanhados desde 2016. Além desse recorde negativo, este ano registrou as primeiras mortes pelo vírus, quatro até o momento, com os óbitos ocorrendo entre os meses de março e maio, todos eles em Carazinho.

De acordo com a bióloga Valeska Lagranha, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), houve um surto de chikungunya na cidade de Carazinho, no Norte do RS, com 280 casos, representando cerca de 70% de todos os casos do Estado. Para a especialista, uma das explicações para o surto é que se trata de uma cidade que recebe muitas pessoas de outros estados e de cidades vizinhas, devido às feiras na cidade. Uma das hipóteses é de que uma pessoa infectada acabou ocasionando o surto.

“Quando uma pessoa contaminada pelo vírus é picada, o mosquito vai replicar o vírus e depois de alguns dias, quando picar outras pessoas, será transmitido para elas”, acrescenta a bióloga. Quando a fêmea colocar ovos, eles estarão infectados com o chikungunya, podendo transmitir para outras pessoas.

Valeska explica que em períodos quentes o vírus se espalha com maior rapidez, no Estado foram registrados os maiores picos entre fevereiro e maio, com a chegada do inverno, esses números reduziram. “Estamos em estado de alerta para o verão que está chegando. Com o calor e as chuvas, pode haver novos surtos, então estamos monitorando os casos através das nossas vigilâncias regionais e municipais. Além de alertar para que os nossos pacientes procurem atendimento quando estiverem com febre, dor muscular e dor nas articulações, que são os principais sintomas da chikungunya”.

A forma de prevenção é a mesma da dengue: não deixar água acumulada, devido ao mosquito se proliferar nessas ocasiões, eliminando desde pequenos até grandes recipientes. Para se proteger, também é recomendado o uso de repelente.

Os sintomas entre as doenças arboviroses também são parecidos, com a chikungunya se diferenciando das outras pela dor intensa nas articulações, como nos punhos, cotovelos, tornozelo, ou seja, uma dor poliarticular. Diferente da dengue, que a dor dura uma semana, a chikungunya pode se estender por meses. “Em Carazinho, nossa primeira suspeita era de dengue. No entanto, após os testes negativos e com a volta do relato de incômodos contínuos e fortes, partiu para a suspeita de chikungunya, e os testes  positivaram”.

Em abril deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da vacina IXCHIQ (vacina chikungunya recombinante atenuada), do Instituto Butantan. O imunizante, de dose única, será indicado para a prevenção da doença em pessoas com 18 anos ou mais, que estejam em risco aumentado de exposição ao vírus. Sobre um prazo para entrega, a bióloga espera que em 2026 ou em 2027 já tenha algum posicionamento do Ministério da Saúde sobre uma previsão de distribuição, mas ressalta que a vacina é uma estratégia, e não pode ser a única opção, as medidas de controle terão que continuar sendo feitas.