Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura vincou que o Chega não irá viabilizar a lei da nacionalidade “se não houver entendimento” a respeito do que designa de “valores fundamentais”.

Para além de exigir que a lei preveja a perda automática de nacionalidade para quem comete crimes graves, o líder do Chega quer também que quem pede a nacionalidade não esteja dependente de apoios sociais e que quem obtenha de forma fraudulenta não a possa recuperar.

André Ventura adiantou na conferência de imprensa que as negociações vão prosseguir ainda esta noite e que espera que ainda seja possível uma aproximação. Sublinhou que o Chega já aceitou “muita coisa” e que o PSD deve agora mostrar “alguma cedência”. 

O presidente do Chega referiu-se ainda a “uma aproximação” entre o PSD e o PS “para contornar” as exigências do seu partido.

“Meus senhores, façam como entenderem, há questões que para nós são decisivas”, assinalou. Ventura recusou ainda a ideia que a intransigência do Chega se trate de uma “birra política” e que este é mesmo uma questão de “valores”. 

E completou a ideia, considerando que os social-democratas começaram a desenhar a lei da nacionalidade “com um determinado propósito” e que, “algures com medo” durante este processo decidiram “aproximar-se do PS” e esquecer-se das bandeiras com que se apresentou às últimas eleições legislativas.

André Ventura considerou mesmo que o PSD está agora a “trair o seu eleitorado”. 

A discussão da lei da nacionalidade na especialidade voltou a ser adiada esta quinta-feira, a pedido do PSD. É a terceira vez que o debate é protelado. 

Em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, justificou o pedido de adiamento afirmando que “é preciso conversar para serem encontradas soluções” e que esta é mais uma tentativa para que haja um consenso alargado. 



“Espero que não haja mais birras e que haja a maturidade democrática para que esta lei possa ver a luz do dia”
, acrescentou o líder parlamentar do PSD, notando que o seu partido não traz “para a praça pública as negociações que estão em curso entre os grupos parlamentares”. 


A nova discussão da lei da nacionalidade deverá ocorrer esta sexta-feira, 9h00. Esta é a terceira vez que a discussão da proposta é adiada. O segundo adiamento permitiu à Iniciativa Liberal e ao Livre apresentarem propostas. 

Os liberais defendem uma regra geral de dez anos para a obtenção da nacionalidade portuguesa, e de sete no caso de o requerente cumprir critérios mais exigentes. 


O Livre quer maior proteção para os refugiados e os filhos dos que estão nessa condição.


c/ Lusa