O líder do Chega indicou que as negociações vão continuar esta noite e espera que ainda seja possível uma aproximação, argumentando que o seu partido já aceitou “muita coisa” e que “há matérias que podem ser trabalhadas” e apelando à “boa vontade” dos partidos que sustentam o Governo.
Ventura referiu também que não abdicar destas exigências e levar a proposta do Chega “a votação, a menos que o PSD aceite alguma cedência”.
“Sei que houve uma aproximação entre o PSD e o PS para contornar estas exigências da parte do Chega. Meus senhores, façam como entenderem, há questões que para nós são decisivas”, salientou, e sustentou que não faz “birras políticas” e que “a questão é mesmo de valores”.
André Ventura disse que o PSD entendeu que “as exigências que o Chega colocava em cima da mesa para esta legislação sobre a Lei da Nacionalidade eram excessivas e, em alguns casos, havia riscos de inconstitucionalidades”.
“O PSD começou esta lei com um determinado propósito, e algures, com medo, durante este processo, decidiu aproximar-se do Partido Socialista e esquecer as bandeiras com que teve os votos” nas eleições legislativas, criticou, acusando o PSD de não estar a “honrar o compromisso que teve com os eleitores no dia 18” de maio e de “trair o seu eleitorado”.
O líder do Chega referiu igualmente que “o PSD assumiu de início uma posição de que iria haver convergência destes valores em questões essenciais como o da sanção, como a obtenção fraudulenta da nacionalidade e como os apoios sociais, e mais uma vez mudou de opinião à última hora, e já não quer fazer isso”.
As votações na especialidade da proposta de revisão da lei da nacionalidade voltaram hoje a ser adiadas, pela terceira vez, estando previsto que decorram na sexta-feira.
Questionado sobre o Orçamento do Estado para 2026, cuja discussão na generalidade arranca na segunda-feira, o líder do Chega voltou a dizer que não aceitará medidas que se traduzam num aumento do preço dos combustíveis e referiu que aguarda que o Governo manifeste alguma abertura para decidir o sentido de voto da sua bancada.
“O Governo tem condições ainda, até ao debate do orçamento, dizer que na especialidade vai fazer essa alteração”, defendeu.
Nesta conferência de imprensa, foi questionado ainda sobre o vereador eleito pelo Chega para a Câmara de Mirandela, Luís Saraiva, que anunciou hoje a sua desfiliação do partido e adiantou, à Lusa, que tomará posse como independente.
“Ainda hoje houve contactos entre nós e esse vereador, é uma notícia falsa”, alegou André Ventura.