A Área Metropolitana de Lisboa (AML) será alvo de uma reconfiguração com a construção do novo aeroporto, desde logo, pela criação das acessibilidades como a Terceira Travessia do Tejo ou a nova linha de alta velocidade. “A AML vai mexer bastante, e não só o município de Benavente, vários outros territórios terão alterações. Estas alterações, de uma perspetiva alargada, só podem ser boas porque a AML tem estado a crescer mal e uma das razões é que está a crescer na ausência de planeamento. Não se vai fazer um novo aeroporto para destruir território, mas para criar território”, apontou Maria do Rosário Partidário.
O planeamento, defendeu ainda Rosário Macário, é uma peça fulcral no processo. “A cidade aeroportuária um conceito muito atraente e que muita gente gosta de falar, mas não aparece por milagre. É preciso haver um planeamento estratégico de toda a região onde está inserida. Esta é uma das principais vantagens de Alcochete: tem uma densidade e potencial de desenvolvimento que permite ter um impacto económico superior às outras opções que foram estudadas”, recorda.
A professora sustenta que é “preocupante” que a tónica atual da discussão esteja apenas assente no aeroporto e não no planeamento da região. “É preciso discutir para que possa tirar benefício da infraestrutura. Caso contrário, perdemos a oportunidade de todos os benefícios que estão associados e que revertem a favor da região e do país, como o turismo, os empregos e os serviços”, enumerou.
Também Nuno Marques da Costa, professor do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, afinou pelo mesmo diapasão. “O plano regional de ordenamento do território tem de ser realizado. Com o aeroporto vem toda uma transformação não só de atividades económicas, mas de vários setores que têm de ser reorganizados. Temos de intervir a tempo neste território para evitar erros que podem surgir agora e que depois têm grande dificuldade de, no futuro, serem resolvidos”, alertou.
Já Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), lamentou que se estejam a discutir os prazos do novo aeroporto sem atentar aos constrangimentos atuais da Portela.
“Temos de olhar para a realidade atual e não estamos a entregar aos turistas a qualidade a que nos habituamos. O Estado está a falhar e custa-me estarmos a falar num prazo de 12 anos e que nos esqueçamos do que é fundamental que é fazer face às necessidades atuais. Queremos respostas hoje”, pediu.
O empresário apontou o dedo às longas filas na fronteira que têm deixado os passageiros retidos durante várias horas na última semana por causa dos problemas de implementação do novo sistema europeu de controlo automatizado de fronteiras externas, o Entry/Exit System (EES).
“O controlo de acesso de pessoas a Portugal é a imagem que estamos a transportar para todo o mundo. Cada vez que falhamos, o que estamos a mostrar como país que somos incapazes de nos organizar”, reiterou.
“O que se passa atualmente no aeroporto de Lisboa é a demonstração clara de como o Estado falhou e falha diariamente. Setores de monopólio, como os aeroportos, não devem ser concessionados”, reforçou.
O Mobi Summit é uma iniciativa organizada pelo Diário de Notícias, Dinheiro Vivo, Jornal de Notícias, Motor24 e TSF.