A terceira noite de protestos em Dublin, motivados pela alegada violação de uma menina de dez anos, trouxe uma nova onda de violência. Como resultado dos confrontos na noite desta quarta-feira, que voltaram a acontecer perto de um hotel que recebe requerentes de asilo, três agentes da polícia ficaram feridos e 24 pessoas foram detidas.
Como conta a BBC, a polícia irlandesa foi atingida com pedras e fogo de artifício e um dos seus elementos foi agredido na cabeça com uma garrafa. Tudo depois de os protestos terem começado, há duas noites, de forma pacífica, mostrando indignação com a notícia da agressão sexual à menina, ocorrida na madrugada de segunda-feira, nas imediações do hotel que recebe requerentes de asilo. Mas já na terça-feira os ânimos se tinham exaltado, com manifestantes a chegarem mesmo a pegar fogo a um carro da polícia.
O The Guardian refere que um homem de 26 anos foi a tribunal esta quinta-feira para responder sobre o alegado crime, não tendo sido divulgada a sua identidade.
No entanto, o foco dos manifestantes na zona onde se encontra o hotel que recebe requerentes de asilo, na zona oeste de Dublin, é “violência com a intenção de danificar o edifício e intimidar quem está lá dentro”, concluiu o comissário da polícia Justin Kelly, que visitou o local já esta quinta-feira, garantindo aos jornalistas que mais pessoas envolvidas nos distúrbios serão “levadas a tribunal para enfrentarem a justiça”.
A polícia já veio prometer que dará uma resposta “robusta” se a violência continuar e o ministro da Justiça, Jim O’Callaghan, citado pela BBC, garantiu que mais detenções se “seguirão”. Durante a noite de quarta-feira, os elementos da polícia tentaram dispersar os manifestantes, afastando-os com os escudos protetores. Depois das 22h, nova unidade estava a ser enviada para o local.
Alguns dos manifestantes levavam consigo bandeiras da Irlanda e cantavam cânticos anti-imigração. O hotel em causa recebe famílias que fazem parte do programa irlandês de proteção de requerentes de asilo. O diretor da escola de St Aiden, Kevin Shortall, onde várias das crianças e jovens ali alojadas têm aulas, descreveu os ataques como uma “situação trágica” de “raiva mal direcionada”, garantindo à ABC que existe “uma perceção verdadeiramente errada” sobre as pessoas que estão no hotel.
“É uma comunidade de famílias, pessoas a tentar viver em circunstâncias difíceis, que vieram de circunstâncias difíceis, e estão a tentar aguentar-se”. E deu o exemplo de um jovem que acabou de chegar da Ucrânia e que está instalado no hotel e a ter aulas em St Aiden: “Está a vir de uma situação traumática e a chegar a outra”.
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