O Knesset avança com uma lei que pretende anexar os colonatos ao território israelita. Marco Rubio, que está em Israel, e Donald Trump voltam a manifestar a sua oposição e dizem que o projeto pode acabar com o plano de paz da Casa Branca.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que a decisão do Knesset (o parlamento) de anexar a Cisjordânia pode ameaçar o plano do presidente Donald Trump de acabar com o conflito entre Israel e o Hamas em Gaza. “Aprovaram uma votação no Knesset, mas o presidente deixou claro que não é algo que apoiaríamos agora”, disse Rubio, que está em Israel para debater o assunto com o executivo israelita. “É uma ameaça ao acordo de paz.”
O Knesset aprovou na quarta-feira, em leitura preliminar, um projeto de lei que aplicaria a soberania israelita a todos os colonatos da Cisjordânia, apesar da oposição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e da maioria do seu partido, o Likud. A legislação foi submetida a uma comissão para deliberações e revisões, e terá que passar por mais três votações no Knesset para se tornar lei.
No mês passado, Trump falou sobre a possível anexação dos territórios ilegalmente (à luz do Direito Internacional) na Cisjordânia, tendo dito que a questão vai contra o projeto de paz. Rubio está em Israel “para apoiar a implementação bem-sucedida do Plano Abrangente do Presidente Trump para Acabar com o Conflito em Gaza, que recebeu apoio internacional sem precedentes”, de acordo com uma nota do Departamento de Estado. Durante a visita, o secretário de Estado reafirmou “o compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel”.
Rubio juntou-se ao vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que chegou a Israel no início desta semana, num quadro em que a administração Trump está a desenvolver enorme esforço para que o plano de paz não seja boicotado por nenhuma das partes.
Segundo a imprensa israelita, todos os parlamentares do Likud exceto um, boicotaram as votações do Knesset sobre a anexação: a deputada Yuli Edelstein forneceu um voto decisivo para o projeto de lei, que passou com 25 votos a favor e 24 contra. Numa declaração oficial, o Likud rejeitou os projetos de lei e disse que o objetivo da oposição “é prejudicar as nossas relações com os Estados Unidos”. “Nós fortalecemos os colonatos todos os dias com ações, orçamentos, construção, indústria, e não com palavras” – o que, para todos os efeitos é igualmente considerado ilegal.
No início de setembro, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, pediu a anexação de 82% da Cisjordânia, mesmo com os países da região a alertarem que tal medida significaria o fim da integração de Israel ao Oriente Médio. Outros membros do gabinete, incluindo o ministro da Justiça Yariv Levin e o ministro da Defesa Israel Katz, também apoiam a anexação.
Trump não apoiou estas movimentações, declarando ainda em setembro que não permitirá que Israel anexe a Cisjordânia. De imediato, os radicais do governo insistiram que Netanyahu ignore Washington. “Não vou permitir que Israel anexe a Cisjordânia”, disse Trump. “Já chega. Agora é hora de parar agora”.
Já esta quinta-feira, Trump voltou ao tema: “Israel não fará nada com a Cisjordânia. Não se preocupem com a Cisjordânia. Israel está a ir muito bem. Eles não vão fazer nada com disso.”
A Arábia Saudita denunciou a votação do Knesset como uma forma de “legitimar a soberania israelita sobre os colonatos ilegais. O reino enfatiza a sua completa rejeição a todos os colonatos e violações expansionistas perpetrados pelas autoridades de ocupação israelitas”, afirmava o Ministério das Relações Exteriores saudita em comunicado. “O reino reitera o seu apoio ao direito inerente e histórico do povo palestiniano de estabelecer seu Estado independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital, em conformidade com as resoluções internacionais pertinentes.”