Os motores de combustão estão a superar barreiras de eficiência… na China. Omoda e Jaecoo têm nova tecnologia híbrida com ultra compressão.

Enquanto a Europa discute o fim dos motores de combustão, a China continua a apostar no seu desenvolvimento e a quebrar barreiras que pareciam intransponíveis.

A Omoda e Jaecoo, duas marcas do Grupo Chery, que brevemente vão chegar a Portugal, apresentaram no International User Summit 2025 (evento organizado pelo grupo) uma nova geração do seu motor híbrido SHS (Super Hybrid System), capaz de atingir 48% de eficiência térmica. Um número que, no universo dos motores a gasolina, parecia quase impossível e até supera o de muitos Diesel.

Trata-se de um bloco experimental, ainda em fase de integração, que representa a próxima etapa de um projeto já em comercialização.

Motor SHS Omodoa e Jaecoo© Chery Recordamos que a atual versão do motor SHS, presente nos modelos Omoda e Jaecoo, combinam um motor 1.5 TDGI a funcionar segundo o ciclo Miller e dois motores elétricos. Resultado prático: 44,5% de eficiência térmica.

A confirmar-se, esta nova geração de motores da Chery eleva a fasquia para um território que parecia reservado sobretudo a marcas como a Toyota, Hyundai e Nissan, nos seus modelos híbridos — os únicos motores a gasolina atuais com 40% ou mais de eficiência térmica.

O segredo deste novo motor chinês

O segredo está num conjunto de soluções de engenharia que desafiam os limites termodinâmicos dos motores de combustão. Na base deste novo motor está uma taxa de compressão extrema de 26:1, algo inédito num motor a gasolina de produção — no geral, a taxa de compressão para um motor de gasolina atual anda entre 10:1 e 13:1. O Skyactiv-X da Mazda chega aos 15:1.

Este valor só é possível graças à combinação de injeção direta de alta pressão, controlo preciso da fase de ignição e revestimentos cerâmicos de isolamento térmico que reduzem as perdas por dissipação de calor.

A câmara de combustão foi redesenhada para suportar pressões internas superiores as 350 bar, fruto do rácio de compressão extremo de 26:1, e o movimento do pistão é controlado por um mecanismo triplo de bielas hiperbólicas — uma solução que reduz o atrito e melhora a eficiência mecânica sobretudo a baixa rotação.

O sistema também inclui recirculação de gases de escape (EGR), mas numa percentagem muito elevada para um motor a gasolina — 35% — o que permite baixar a temperatura da combustão sem penalizar o rendimento. Inclui ainda sofisticado controlo de fluxo térmico para estabilizar a temperatura das paredes do cilindro e da cabeça.

Motor SHS Omodoa e Jaecoo© Chery O resultado é uma combustão mais completa, menos perda de energia sob forma de calor e, consequentemente, menos emissões.

Segundo a Omoda e Jaecoo, cada ponto percentual de eficiência térmica adicional traduz-se em cerca de 2,5% de redução de consumo.

Neste evento, o grupo Chery, reconhecido na Europa sobretudo pelos seus veículos elétricos, reforça que continuará a apostar na eletrificação, mas continuará a desenvolver, em paralelo, os motores de combustão do futuro.

Recordamos que as marcas Omodo e Jaecoo vão chegar a Portugal brevemente, sob importação do Grupo JAP.