Depois das sapatilhas que se calçam sem as mãos ou que se apertam sozinhas, a Nike explora agora uma nova fronteira no calçado desportivo. A gigante norte-americana está a desenvolver um sistema motorizado que promete ajudar os utilizadores a caminhar e a correr mais depressa, com um conceito semelhante ao de uma bicicleta elétrica.
Project Amplify: um motor para os seus pés
Atualmente em fase de protótipo, o sistema foi batizado de Project Amplify. Para o seu desenvolvimento, a Nike estabeleceu uma parceria com a Dephy, uma empresa especializada em robótica. O equipamento é composto por uma sapatilha e uma tornozeleira motorizada, que inclui uma bateria recarregável.
A potência do motor é transferida para o pé através de uma correia de transmissão, sendo que a sapatilha pode ser utilizada de forma independente ou em conjunto com a tornozeleira.
O objetivo do Project Amplify é “potenciar o movimento natural da perna e do tornozelo”, fornecendo um impulso extra que permite ao utilizador correr ou caminhar mais rápido e durante mais tempo, mantendo o mesmo nível de esforço.
A Nike compara o seu funcionamento ao das bicicletas elétricas, cujo motor assiste a pedalada e reduz a exigência energética sobre os músculos. Segundo a marca, é como ter “um segundo par de músculos nos gémeos”.
A polémica do doping tecnológico
A Nike tem um longo historial de investimento em investigação e desenvolvimento para criar calçado que melhore o desempenho atlético. As suas inovações anteriores focaram-se na combinação de materiais avançados e designs arrojados para oferecer um efeito de propulsão ou “ressalto”.
Um exemplo paradigmático é a tecnologia Vaporfly, que se revelou um elemento crucial na quebra de recordes em grandes maratonas, como no caso do polémico recorde de Eliud Kipchoge, o primeiro homem a correr a distância abaixo das duas horas.
Outro caso notório foi o das Nike Super Spikes, utilizadas por vários atletas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O seu impacto foi tal que três atletas pulverizaram o recorde mundial nos 400 metros barreiras. Estes exemplos evidenciam a crescente influência da tecnologia no desporto e abriram um intenso debate sobre os seus limites éticos, levando mesmo à utilização do termo “doping mecânico”.
Por enquanto, não há planos para ver atletas “motorizados” em competições oficiais. A Nike esclarece que este sistema não foi concebido para atletas de alta competição, mas sim para corredores amadores com um ritmo mais lento – acima dos 6 ou 7 minutos por quilómetro – que desejem aumentar a sua velocidade com menos esforço.
Outra aplicação possível para estas sapatilhas motorizadas seria facilitar deslocações urbanas a pé, permitindo, por exemplo, ir para o trabalho de forma mais rápida.
Leia também:

