A startup norte-americana Starcloud associou-se à NVIDIA para um projeto que prevê a construção de centros de dados para Inteligência Artificial (IA) no espaço.
Os centros de dados extraterrestres estão prestes a ser uma realidade, uma vez que, em breve, um satélite equipado com IA da Starcloud entrará na órbita da Terra.
Membro do programa NVIDIA Inception para startups, a Starcloud pretende levar os centros de dados para o espaço, por forma a enfrentar os desafios impostos pela crescente procura de IA, nomeadamente em termos de consumo de energia e de exigências de refrigeração.
A Starcloud nasceu na Google for Startups Cloud AI Accelerator e planeia executar o Gemma – um modelo aberto da Google – em órbita nas GPU H100, provando que mesmo modelos de linguagem grandes podem ser executados no espaço sideral.
Fazer parte do NVIDIA Inception tem sido fundamental, pois forneceu-nos suporte técnico, acesso a especialistas da NVIDIA e GPU da NVIDIA.
Partilhou Philip Johnston, cofundador e diretor-executivo da startup, com sede em Redmond, Washington, nos Estados Unidos.
Estreia cósmica da NVIDIA H100
A ambição vai ao encontro de outros projetos sobre os quais já informámos, que procuram tirar proveito da consistente e quase ilimitada energia obtida a partir do espaço.
No espaço, obtém-se energia renovável quase ilimitada e de baixo custo. O único custo para o ambiente será o lançamento, mas depois haverá uma redução de 10 vezes nas emissões de dióxido de carbono ao longo da vida útil do centro de dados, em comparação com a alimentação do centro de dados terrestre na Terra.
Informou Philip Johnston.
Conforme partilhado, num comunicado, o próximo lançamento do satélite da Starcloud, previsto para novembro, marcará a estreia cósmica da GPU NVIDIA H100 – e a primeira vez que uma GPU de última geração, de classe de centro de dados, estará no espaço sideral.
O satélite Starcloud-1, de 60 kg, com o tamanho aproximado de um pequeno frigorífico, deverá oferecer uma computação de GPU 100 vezes mais potente do que qualquer operação espacial anterior.
Depois do mar, centro de dados no espaço
No mesmo comunicado, as empresas informam que, em vez de depender de água doce para arrefecimento por via de torres de evaporação, como muitos centros de dados terrestres fazem, os centros de dados espaciais da Starcloud podem usar o vácuo do espaço profundo como um dissipador de calor infinito.
Além disso, a emissão de calor residual da radiação infravermelha para o espaço pode conservar recursos hídricos significativos na Terra, uma vez que a água não é necessária para o arrefecimento.
A exposição constante ao sol em órbita significa, também, energia solar quase infinita, não havendo necessidade de os centros de dados dependerem de baterias ou energia de reserva.
Segundo as projeções da Starcloud, os custos de energia no espaço serão 10 vezes mais baratos do que os das opções terrestres, mesmo incluindo as despesas de lançamento.
Em 10 anos, quase todos os novos centros de dados serão construídos no espaço sideral.
Prevê Johnston.
Para que servirão os centros de dados no espaço?
Um dos primeiros casos de uso dos centros de dados extraterrestres será a análise de dados de observação da Terra, para deteção de tipos de culturas e previsão do clima local.
Além disso, o processamento de dados em tempo real no espaço oferece benefícios para aplicações críticas, como deteção de incêndios florestais e resposta a sinais de socorro.
Executar a inferência no espaço, exatamente onde os dados são recolhidos, permite que as informações sejam fornecidas quase instantaneamente, reduzindo o tempo de resposta de horas para minutos.
Lê-se no comunicado sobre a construção de centros de dados no espaço.
De recordar que, em 2022, a Comissão Europeia criou o programa Advanced Space Cloud for European Net zero emission and Data sovereignty (ASCEND) para estudar a viabilidade de instalar centros de dados no espaço, com o objetivo de reduzir o seu impacto ambiental na Terra.
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