Johnica Winter

Uma nova investigação analisou a fezes pré-históricas da cultura de Loma San Gabriel e descobriu que as infeções intestinais eram uma constante.

Um novo estudo publicado na PLOS One descobriu evidências sobre as condições de vida difíceis na Caverna das Crianças Mortes, no no Vale do Rio Zape, perto de Durango, no México. A pesquisa concluiu que a população da cultura pré-histórica de Loma San Gabriel sofria frequentemente de infeções intestinais causadas por uma variedade de agentes patogénicos.

A equipa de investigação, liderada por Drew Capone, da Universidade de Indiana, analisou 10 amostras com 1300 anos de paleofezes recuperadas há décadas da gruta. “Trabalhar com estas amostras antigas foi como abrir uma cápsula do tempo biológica”, disse Capone, referindo que cada amostra revelou “perspetivas sobre a saúde humana e a vida quotidiana”.

A gruta, escavada na década de 1950, era um local de rituais e atividades domésticas para o povo de Loma San Gabriel, que praticava a agricultura em pequena escala, produzia cerâmicas características e, por vezes, realizava sacrifícios de crianças, daí o nome da gruta. Estudos microscópicos anteriores de restos fecais do local já tinham identificado ovos de parasitas como ancilostomídeos, tricurídeos e oxiúros, recorda o Live Science.

No novo estudo, os investigadores utilizaram técnicas moleculares avançadas, incluindo a extração de ADN e a reação em cadeia da polimerase (PCR), para identificar uma gama mais ampla de agentes patogénicos antigos. A análise revelou que cada amostra continha pelo menos um micróbio causador de doença, sugerindo infeções intestinais disseminadas entre a população.

Os agentes patogénicos mais comuns foram o parasita Blastocystis, que causa desconforto gastrointestinal, e múltiplas estirpes de Escherichia coli (E. coli), detetadas em cerca de 70% das amostras. A equipa encontrou também vestígios genéticos de Shigella, Giardia e oxiúros, todos associados a doenças intestinais.

De acordo com o estudo, a abundância de micróbios indica condições de saneamento deficientes na comunidade, onde as pessoas estavam provavelmente expostas à contaminação fecal através da água potável, do solo ou dos alimentos. Os investigadores observaram que alguns agentes patogénicos podem ter-se decomposto ao longo do tempo, o que significa que as taxas reais de infeção podem ter sido ainda mais elevadas.

O co-autor Joe Brown, da Universidade da Carolina do Norte, afirmou que as descobertas demonstram o “potencial dos métodos moleculares modernos para apoiar estudos do passado“, revelando como os padrões antigos de doenças refletem os desafios modernos de saúde pública.


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