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Bem-vindos ao Hotel Hamas“, titula neste sábado o britânico Daily Mail, noticiando que cerca de 150 prisioneiros palestinianos libertados no âmbito do acordo de cessar-fogo estão alojados num hotel de luxo no Cairo, capital do Egito.

Trata-se, segundo o Daily Mail, de um hotel de cinco estrelas que pertence à cadeia Marriot – o Renaissance Cairo Mirage City Hotel. No mesmo hotel, estão centenas de outros hóspedes, incluindo ocidentais – a maioria não faz ideia de que está a partilhar o espaço com ex-prisioneiros que, em alguns casos, tiveram postos de comando no Hamas.

Entre os jihadistas hospedados está Mahmoud Issa, com 57 anos, que fundou uma unidade especial (101) nas brigadas Izz a-Din al-Qassam, especializadas em rapto. Está lá, também, Izz a-Din al-Hamamrah, com 47 anos, que recrutou bombistas suicidas e planeou assaltos a aviões. E, ainda, Samir Abu Nima, um homem com 67 anos que estava preso há quase 40 anos, devido ao envolvimento nos ataques bombistas a autocarros em Jerusalém, que vitimaram seis pessoas incluindo uma criança de 11 anos.

Este último homem estava a cumprir uma pena de prisão perpétua pelos crimes que cometeu. E, após a libertação de vários presos na mesma circunstância, restam 20 extremistas palestinianos nas prisões israelitas.

Os jornalistas do Daily Mail compraram estadias no hotel, sem revelar que eram membros da imprensa, e fotografaram vários ex-prisioneiros a circular no hotel e a tomar pequeno-almoço. A informação que existe é que os homens foram colocados naquele hotel mas serão, nos próximos dias, transferidos para outros resorts turísticos no Qatar, na Turquia e na Tunisia.

O plano é que estes ex-presos peçam vistos e autorizações de residência em vários locais para poderem voltar a integrar-se na sociedade, continuando a ser vigiados pelos serviços de segurança locais. No total, o acordo previu a libertação de 250 prisioneiros (dos quais cerca de 154 estão, então, neste hotel), apesar de Israel sempre se ter oposto fortemente à libertação.

Mas acabou por ser a única forma de persuadir o Hamas a entregar os últimos 20 reféns israelitas vivos e os cadáveres de reféns que morreram após o 7 de outubro – foi uma “moeda de troca” necessária para garantir um cessar-fogo ao abrigo do plano de paz de Trump.

Citado pelo Daily Mail, Anthony Glees, professor emérito da Universidade de Buckingham, criticou a decisão: “Estas pessoas serão para sempre nossos inimigos. São pessoas que cortaram as cabeças de soldados britânicos”. “Não devemos deixá-los reunir-se. Não pode haver esconderijo para estas pessoas. Caso contrário, estará a reunir um exército terrorista no exílio – será o Hezbollah 2.0”, avisou.

Também ao jornal, um antigo oficial dos serviços de informação israelitas – identificado apenas como Guy C – acrescentou: “Não há restrições à sua movimentação nestes países. Podem andar livremente, viajar para a Europa receber donativos de apoiantes ingénuos e obter apoio de manifestantes que já simpatizam com eles”, alertou.

“A primeira coisa que estes terroristas farão quando chegarem à Turquia ou ao Qatar é contactar os seus associados em Gaza e na Cisjordânia para enviar dinheiro e restabelecer as suas redes. Vão reagrupar-se rapidamente e formar novas células terroristas”, acrescentou.

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