Após demissão inesperada da banda de Ozzy Osbourne, Jake E. Lee trilhou um novo caminho na música. Ao lado de Ray Gillen (voz), Eric Singer (bateria) e Greg Chaisson (baixo), o guitarrista formou em 1988 o supergrupo Badlands.

Em atividade até 1993, o conjunto disponibilizou três álbuns de estúdio: Badlands (1989), “Voodoo Highway” (1991) e “Dusk” (1998). Porém, encontrar versões físicas dos dois primeiros discos é praticamente impossível.

– Advertisement –

Para completar, os materiais em questão, lançados pela Atlantic Records, não estão nem mesmo nas plataformas digitais. E há um motivo por trás de tudo isso.

À Guitar World (via Ultimate Classic Rock), o músico, primeiramente, enalteceu o trabalho de estreia. Descrevendo o processo de criação como uma das melhores experiências que teve na carreira, o instrumentista relembrou:

“Em termos de criatividade, de trabalhar com outros músicos e de ter uma unidade de banda, minha experiência no Badlands foi a melhor que já tive. A primeira vez que ouvi, em 1989, o primeiro álbum finalizado, não sabia se ia vender, mas sabia que era realmente, realmente bom. Para mim, era perfeito. Trabalhei muito nas músicas e estive presente em tudo durante as gravações. Acompanhei as mixagens e achei que era uma bela obra de arte.”

Dando continuidade, Lee trouxe à tona o problema envolvendo as cópias do projeto. De acordo com o guitarrista, o executivo da mencionada gravadora passou por um desentendimento com Ray, que o levou a boicotar o Badlands:

“É uma pena que não seja mais possível encontrá-lo fisicamente. Há muitas teorias, mas isso foi uma decisão de Ahmet Ertegun [executivo da Atlantic Records]. Não sei exatamente o que aconteceu, mas ouvi que Ahmet ficou muito irritado com Ray e decretou: ‘Vamos enterrar o Badlands. Não quero que eles voltem a ver a luz do dia. Eles são passado’. E ele era o homem no comando. Era a gravadora dele. Quando tudo desmoronou, fiquei tão arrasado que não quis mais fazer nada. Houve um período de dez anos em que eu não fazia absolutamente nada, porque eu estava profundamente magoado com o que aconteceu com o Badlands.”

Sendo assim, os álbuns não contaram com uma grande quantidade de unidades disponíveis. Lee até pensa em tentar relançá-los, mas, como explicou, não há previsão visto as burocracias que enfrentará:

“Imagino que, algum dia… alguém dirá: ‘já os punimos o suficiente, há potencial para ganhar dinheiro aqui’. Porque muitas pessoas adorariam ver esse álbum ser lançado novamente. Pode acontecer, mas preciso agir rápido. Deve existir uma maneira de conseguir as gravações originais e realmente preciso começar a trabalhar nisso, porque é agora ou nunca. Há um prazo para isso.”

Chaisson abordou o tópico durante participação no podcast 80’s Glam Metalcast em 2020. À época, o baixista não entrou em detalhes, mas afirmou que a questão envolvia a Atlantic Records de maneira geral, conforme transcrição da BraveWords:

“Meio que fazíamos apenas o que queríamos. Acho que irritamos a Atlantic a tal ponto que, se nossos discos saíssem e vendessem algumas cópias, não renderia dinheiro suficiente para valer a pena. Simplesmente não comercializando é mais uma forma de nos atingir.”

A versão de Eddie Trunk

Eddie Trunk opinou a respeito do boicote durante o próprio programa That Metal Show em 2014. Segundo o radialista, famílias processaram o espólio de Ray Gillen por infectar variadas mulheres com o vírus da Aids, e, como forma de reparação, havia a promessa de que os discos não teriam mais tiragens. 

À época, o apresentador explicou: 

“Muita gente me disse que tentou licenciar aqueles discos do Badlands e a licença era revogada em questão de semanas. Isso aconteceu com um selo na Inglaterra chamado Rock Candy Records, que remasterizou e relançou os dois primeiros discos do Badlands. Antes disso, foi com um selo chamado Koch. Fui informado que a razão é que Ray havia infectado algumas mulheres. E foi uma concessão às famílias impactadas com isso; foi dito a elas que aqueles discos não serão mais comercializados.”

Lee, que estava presente na ocasião, saiu em defesa do saudoso vocalista:

“Eu não entendo como isso ajuda essas pessoas. Não vejo de que modo. Eu diria: me provem. Qualquer pessoa pode dizer que foi infectada por Ray. Como é que vamos saber?”

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.