A Rússia testou, com sucesso, um míssil de cruzeiro com propulsão nuclear chamado Burevestnik (pardela das tempestades, em russo), anunciou Vladimir Putin, este domingo.
O teste do míssil, conhecido como SSC-X-9 Skyfall pela NATO, aconteceu na última terça-feira. De acordo com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russo, Valeri Guerasimov, o míssil conseguiu viajar 14 mil quilómetros e esteve no ar cerca de 15 horas – e conseguiria mais, porque “não há limites” para este armamento.
O míssil de cruzeiro, lançado do solo e de voo baixo (atingindo, em teoria, cerca de 50 a 100 metros de altitude), poderá transportar uma ogiva nuclear, além de ser movido a energia nuclear. “Durante o voo, o míssil completou todas as manobras verticais e horizontais”, acrescentou Valeri Guerasimov, prova das suas “grandes possibilidades na hora de eludir os sistemas antiaéreos e antimísseis”. Moscovo descreve este míssil como capaz de penetrar qualquer defesa no mundo.
Agora, de acordo com Guerasimov, a Rússia tem de perceber como classificar a arma e preparar as infra-estruturas que permitirão usá-la.
Depois de uma reunião com generais e responsáveis russos militares da guerra na Ucrânia, Vladimir Putin, que apareceu completamente vestido de camuflado, salientou o facto de ser uma “peça militar única que mais ninguém no mundo tem”, de acordo com os comentários divulgados este domingo pelo Kremlin.
Anunciado em 2018, este míssil é considerado controverso por ter estado no centro de vários testes falhados ao longo dos últimos anos. Com os “testes cruciais” concluídos, Putin recordou que vários especialistas russos duvidaram que esta arma alguma vez fosse possível.
O Burevestnik foi descrito como uma resposta aos avanços norte-americanos em matéria de defesa, especialmente desde que Washington saiu, de forma unilateral em 2001, do Tratado Antimísseis Balísticos assinado em 1972, e ao alargamento da NATO.
Este teste, em específico, é uma mensagem de Putin para os EUA. Acontece depois de um exercício nuclear na semana passada e numa altura em que Donald Trump se mostra decepcionado com a falta de vontade do líder russo de chegar a um acordo de paz na Ucrânia.
Putin diz que nunca se irá vergar à pressão do Ocidente — nem militar nem na forma de sanções económicas, porque encontra “sempre” uma forma de se adaptar, recorda o seu vice-primeiro-ministro — e acredita que a Rússia continua a ser uma potência militar internacional que responderá de forma “esmagadora” se for provocada, lembrou este domingo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O líder russo está convencido de que “a chamada modernidade das forças de dissuasão nuclear está ao seu mais alto nível”, depois de ter supervisionado um teste das forças estratégicas nucleares russas, por terra, mar e ar, na quarta-feira.
Questionada pela Reuters, a Casa Branca não comentou as afirmações de Putin.
No terreno, as forças russas terão cercado um grande número de soldados ucranianos em torno de Pokrovsk, em Donetsk, e avançaram em Kharkiv, Kharkiv, Dnipropetrovsk e Zaporijjia, de acordo com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas. Volodymyr Zelensky denuncia, por seu lado, um ataque nocturno russo com mais de 100 drones que provocou pelo menos três mortos e 29 feridos em Kiev.