De visita aos Estados Unidos da América, onde se encontrará com conselheiros e com membros da administração Trump, o enviado especial do Kremlin para a área investimentos e cooperação económica, Kirill Dmitriev, parece ter cedido em algumas das exigências da Rússia para terminar o conflito na Ucrânia. O responsável russo assumiu que o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já deu um “grande passo” rumo à paz ao ter admitido que aceitava a solução de congelar a guerra nas atuais linhas da frente.   

“É um grande passo para o Presidente Zelensky admitir que se tratam de linhas de batalha”, afirmou Kirill Dmitriev, numa entrevista à CNN Internacional esta sexta-feira, sublinhando que a “anterior posição” do líder ucraniano era que a Rússia deveria “abandonar totalmente” os territórios ucranianos. Por causa desta cedência do líder ucraniano, o enviado especial frisou que a Rússia, os Estados Unidos da América (EUA) e a Ucrânia “estão, na verdade, bastante próximos” de chegarem a solução diplomática.

O enviado da Rússia sublinhou também que a cimeira em Budapeste, onde o Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, se encontrariam, não foi cancelada — foi antes “suspensa”. O encontro diplomático requer uma “grande preparação”, explicou Kirill Dmitriev, não especificando uma data de quando será essa reunião. Do lado norte-americano parece haver uma maior relutância, já que o líder dos Estados Unidos disse que não queria “perder tempo” em reuniões pouco produtivas.

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O enviado especial do Kremlin também deixou claro que a Rússia não está interessada num “cessar-fogo”, mas antes na “resolução final” do conflito. “A Rússia não quer um cessar-fogo. Um cessar-fogo pode ser sempre violado; é uma solução temporária. Pode ser usado para um dos lados se rearmar e para preparar novos conflitos”, avisou. Kirill Dmitriev também garantiu que as sanções mais recentes — às petrolíferas Lukoil e Rosneft — não vão ser discutidas na sua passagem pelos Estados Unidos.

“Queremos acabar com este conflito o mais rápido possível. Todos nós queremos que este conflito termine diplomaticamente”, declarou Kirill Dmitriev, esperando que os esforços diplomáticos de Donald Trump “tenham sucesso”. O enviado especial também considera que os Estados Unidos devem “dialogar com a Rússia” e não adotar a estratégia do antigo Presidente norte-americano, Joe Biden.

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