Foi preciso esperar pela tarde de domingo para saber que as eleições do Benfica não estão resolvidas para já. Os resultados oficiais das eleições do clube da Luz mostram uma vitória de Rui Costa (42,13%), mas o actual presidente das “águias” não conseguiu maioria absoluta, algo que o obriga a disputar uma segunda volta contra João Noronha Lopes, segundo classificado com 30,26% dos votos.

A possibilidade de uma vitória de Rui Costa à primeira volta começou a discutir-se quando se viu a vantagem destacada do presidente “encarnado” no início da madrugada, com valores de votação muito próximos dos 50%. Mas a diferença entre os candidatos estagnou e o cenário de segunda volta começou a tornar-se o desfecho ainda mais provável.

Quando se percebeu que Luís Filipe Vieira, terceiro classificado nestas eleições, ia conseguia recolher cerca de 15% dos votos que podiam ter sido dirigidos a Rui Costa, a segunda volta tornou-se realidade.

Apesar da desvantagem e vitória clara de Rui Costa, o empresário João Noronha Lopes não vai desistir da intenção de ser presidente do Benfica e avançará para a segunda volta contra o presidente do Benfica. O candidato terá agora de anular o favoritismo atribuído ao dirigente, depois de uma vitória expressiva em Portugal e no mundo.

Resultados à parte, esta foi uma eleição histórica para o clube. O Benfica bateu o recorde do mundo de votações de clubes, com mais de 85 mil eleitores. O anterior recorde tinha sido fixado em Junho de 2010 e pertencia ao Barcelona, que somou 57.088 sócios nas eleições para a presidência “blaugrana”.

Na Luz, as urnas fecharam às 22h de sábado, 26 de Outubro, e os votos foram contados durante toda a madrugada. Foi preciso esperar pelo final da manhã de domingo para se perceber o desfecho da votação histórica. Sem voto electrónico, foi tudo feito à mão, como explicou José Pereira da Costa, presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Benfica. O responsável justificou aos associados a demora na contagem dos votos, relembrando que foram contados cerca de 350 mil votos para quatro órgãos distintos e com valores de voto variáveis consoante cada associado.

“Face à não-aceitação do voto electrónico, todo o processo foi manual. O processo acabou por ser quase voto a voto e a inserção dos dados foi feita à mão para que os delegados assinassem as fichas”, reitera.

Uma das primeiras tendências nos primeiros dados inicialmente divulgados apontava a preferência dos associados com maior número de votos pela continuidade de Rui Costa. Já Noronha Lopes reuniu mais consenso nos sócios com menos anos de ligação ao Benfica.

A secção de voto de Elvas, no distrito de Portalegre, foi o exemplo perfeito desta tendência. Tanto a lista de Noronha Lopes (F) como a de Rui Costa (G) foram escolhidas por 102 sócios do clube da Luz. Ainda assim, o adversário do actual presidente contabilizou apenas 1692 votos, enquanto o antigo jogador soma mais de dois mil.

Esta diferença é possível porque os eleitores de Rui Costa tinham mais anos de associados do que os homólogos que votaram Noronha Lopes, dando assim mais votos e a vitória a Rui Costa nesta casa do Benfica.

Mas, apesar destes casos pontuais, a verdade é que Rui Costa reuniu um apoio muito sólido por todo o país. O presidente do Benfica teve mais votos no estrangeiro, nas ilhas e na esmagadora maioria das casas do clube.

A segunda volta das eleições está marcada para o dia 8 de Novembro.