O passado e o futuro

As moedas metálicas, com valor reconhecido pelo Estado, foram inventadas no século VII a.C., no reino da Lídia, atual Turquia. É preciso recuar muito no tempo para chegar lá. Mas, desde então, já evoluímos muito e inventaram-se tantas outras formas de pagamento: cartões magnéticos, de débito ou crédito, carteiras digitais para pagamento contactless com os smartphones, como o Apple Pay ou o Google Pay, transações digitais através do contacto telefónico (como o MBWay) e até criptomoedas.

Comecemos, pois, pelo princípio. É verdade que cada vez menos se utiliza dinheiro em numerário ou, como se diz na gíria, dinheiro vivo. Porém, ele está ainda longe da extinção. Porquê? É que mais de metade de todos os pagamentos na Europa ainda são feitos com notas. Para sermos mais exatos, na zona euro, 52% das transações foram feitas com numerário em 2024. Apesar disso, o que os dados nos mostram é que hoje, e sobretudo desde a pandemia, reservamos o dinheiro físico para pagar valores mais baixos – os pagamentos acima dos 50 euros já são dominados por cartões e pagamentos digitais. E esta é uma tendência generalizada.

A realidade da Europa

Em 14 dos 20 países da zona euro, o dinheiro vivo ainda é o método mais utilizado. Mas há grandes variações. Por exemplo, nos Países Baixos o numerário já só representa 22% dos pagamentos, enquanto que no sul da Europa e na Europa oriental as transações ainda são muito dominadas pelas notas e moedas físicas. Para teres uma ideia, este método de pagamento ainda representa 64% do total de transações na Eslovénia, 61% em Itália, 57% em Espanha e 54% em Portugal. Há algumas razões para isso, uma das principais é a idade, que muitas vezes determina um baixo acesso a meios digitais. E também há a questão da privacidade, porque quando pagas em dinheiro, não ficam registos da tua compra. Em contrapartida, no norte e no ocidente da Europa já toda a gente está menos dependente do dinheiro físico, tanto que esses pagamentos só representam 27% na Finlândia, 37% no Luxemburgo, 39% na Bélgica ou 43% em França.

Zonas “no cash”

Em algumas regiões da Europa já há até estabelecimentos que não aceitam pagamentos em dinheiro vivo. Por exemplo, nos Países Baixos é comum encontrar essa realidade. E fora da zona do euro, nomeadamente em Inglaterra, sobretudo em Londres, a capital, também é habitual encontrar comércio onde a regra é “no cash”.

E no resto do Mundo?

Pelo Mundo, as moedas variam muito de acordo com o continente onde estamos. Muitas nações têm moedas próprias, embora algumas delas sejam usadas globalmente. É o caso do dólar, usado nos Estados Unidos e América Central. Ou do euro, usado em grande parte dos países da Europa. Mas olhemos para o panorama global. Em África, onde o franco CFA é a moeda de mais de uma dezena de países, a maior parte da população ainda usa dinheiro vivo. Na América do Norte, pelo contrário, os pagamentos já são altamente digitalizados. Na Ásia, a realidade é mais variada. Por exemplo, na China, onde a moeda é o yuan, há uma forte digitalização. Enquanto que no Japão (a moeda é o iene), apesar de ser um país de alta tecnologia, ainda se valoriza muito o dinheiro em numerário, muito embora a emissão de notas esteja a cair.

Há países e países

Em resumo, em países mais avançados, o uso do dinheiro vivo está a cair. Mas em países onde a digitalização está menos desenvolvida, o numerário deverá manter-se dominante por mais tempo. A extinção implicaria não haver mais necessidade de notas ou moedas, o que significaria que deixariam de ser emitidas, e isso não parece estar iminente a nível global.