A primeira-ministra da Lituânia, Inga Ruginiene, anunciou que o país vai endurecer as medidas contra os balões de contrabando da Bielorrússia.

A governante explicou nesta segunda-feira que a Lituânia começará a abater estes balões que cruzam a fronteira da Bielorrússia carregados de cigarros contrabandeados e que, na semana passada, obrigaram a encerrar o espaço aéreo lituano quatro vezes.

“Hoje decidimos tomar as medidas mais rigorosas, não há outra maneira”, afirmou a governante, em conferência de imprensa. As fronteiras deste país báltico com a Bielorrússia vão ser encerradas, com a excepção das viagens de diplomatas e cidadãos da União Europeia que deixem o país, revelou a ministra, citada pela Reuters.


A Lituânia, membro da NATO, acusa o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, um aliado próximo do líder russo, Vladimir Putin, de não agir para impedir estas perturbações da segurança aérea lituana.

Ruginiene qualificou a entrada dos balões no espaço aéreo da Lituânia como “ataques híbridos” e admitiu a hipótese de iniciar consultas aos países da NATO, como prevê o ponto 4 do tratado, para as situações em que um membro da aliança considere que a sua integridade territorial possa estar em causa.

Na semana passada, depois do novo incidente com balões ter obrigado a encerrar mais uma vez o aeroporto de Vilnius, a primeira-ministra anunciou ter convocado para esta semana uma reunião da Comissão de Segurança Nacional para avaliar medidas contra os contrabandistas e que penalizassem “o regime de Lukashenko, que lhes permite prosperar”.

Este tipo de incidentes soma-se a vários outros que têm estado a afectar a aviação europeia nos últimos meses, com o avistamento de drones a obrigar a encerrar aeroportos na Alemanha, Dinamarca e Noruega, por exemplo.

“É assim que enviamos um sinal à Bielorrússia e dizemos que nenhum ataque híbrido será tolerado aqui, tomaremos todas as medidas mais rigorosas para impedir tais ataques”, afirmou a primeira-ministra lituana, em comentários divulgados pela emissora pública LRT e reproduzidos pelo jornal The Guardian.

Na semana passada, um caça russo e um avião de reabastecimento cruzaram brevemente o espaço aéreo da Lituânia a partir da região de Kaliningrado (o exclave russo na região báltica), de acordo com as Forças Armadas da Lituânia.

Na rede social X, o Presidente, Gitanas Nausėda, condenou o que descreveu como “uma violação grave do direito internacional e da soberania territorial da Lituânia”.

“Temos de reagir a isto”, escreveu o chefe de Estado, citado pelo Politico.

No sábado, as autoridades bielorrussas dos serviços de fronteiras queixaram-se de que a Lituânia havia voltado a fechar as fronteiras terrestres pela terceira vez, sem aviso prévio (a Lituânia tem fronteiras com a Bielorrússia, Polónia e Letónia).

“Em todas as ocasiões, as autoridades lituanas agiram sem aviso prévio, criando situações desesperadas para os condutores de automóveis de passageiros que se encontravam nos postos de controlo fronteiriços quando estes foram encerrados”, explicaram os serviços de fronteiras citados pela agência noticiosa Belta.

“Para os motoristas de camiões, os encerramentos temporários não são sentidos de forma tão crítica, dado que os lituanos já estão a trabalhar dez vezes mais lentamente do que a sua capacidade permite”, criticaram as autoridades alfandegárias bielorrussas.