O partido do presidente, La Libertad Avanza (LLA), obteve 41,5 por cento dos votos na província de Buenos Aires, em comparação com os 40,8 por cento da coligação peronista (centro-esquerda), de acordo com os resultados oficiais.

Buenos Aires tem sido um bastião político dos peronistas desde há muito tempo, marcando uma mudança política dramática.Em todo o país, La Libertad Avanza conquistou 64 lugares na Câmara dos Deputados, face a 37, segundo dados do governo.

Metade da Câmara dos Representantes da Argentina, ou 127 lugares, bem como um terço (24 lugares) do Senado estavam a concorrer às eleições intercalares. O movimento de oposição centro-esquerda detém a maior minoria em ambas as câmaras, enquanto o partido relativamente novo de Milei tem apenas 37 deputados e seis senadores.

Estas eleições legislativas a meio do mandato são cruciais para Milei, que tem agora a garantia de reforçar a base parlamentar (até agora com 15 por cento dos deputados, 10 por cento dos senadores) e assim elevar a capacidade de reformar e desregular uma economia frágil e em plena turbulência financeira.

Estas eleições são “a confirmação do mandato que recebemos em 2023” na eleição presidencial, para “avançar no caminho reformista”, disse Javier Milei triunfante, mas sem excessos ou extrapolações, aos seus apoiantes na sua sede eleitoral num hotel em Buenos Aires.Na oposição peronista, a frustração reinava, juntamente com “a sensação de que o que está a ganhar é a indiferença”, afirmou à AFP um dos ativistas reunidos debaixo das janelas da ex-presidente (2007-2015) Cristina Kirchner, de 72, agora condenada e inelegível para a reeleição.


A participação eleitoral no domingo, de 67,9 por cento, foi quase a mais baixa de qualquer eleição desde o regresso à democracia em 1983.

Novo parlamento “será fundamental” para mudançaApós a vitória nas legislativas, Javier Milei afirmou que “o novo Congresso será fundamental para garantir uma mudança de rumo”.

Durante os próximos dois anos, temos de fazer avançar o caminho reformista que iniciámos“, afirmou o líder da extrema-direita, sublinhando que os projetos que vai promover são necessários para “consolidar o crescimento e o arranque da Argentina”.

“A partir de 10 de dezembro, teremos, sem dúvida, o Congresso mais reformista da história da Argentina”, e “o Governo começa agora a construção de uma grande Argentina”.”Não vamos apenas defender as reformas que já foram feitas, mas também vamos promover as reformas que ainda faltam“, acrescentou o presidente, que antes das eleições antecipou o desejo de avançar com reformas importantes, principalmente nas áreas laboral e fiscal, como parte de um plano de ajustamento.

“Hoje [domingo] foi claramente um dia histórico para a Argentina”, acrescentou Milei, que comemorou o facto de uma parte significativa da população ter escolhido “persistir no caminho da liberdade, do progresso e do crescimento”Inflação controlada

Javier Milei chegou às eleições com o mérito de ter controlado a inflação, de mais de 200 por cento para 31,8 por cento, e de ter alcançado um equilíbrio orçamental inédito em 14 anos, recorda a AFP.

Mas o “maior ajuste orçamental da história” — como gosta de repetir — resultou na perda de mais de 200 mil postos de trabalho, numa atividade anémica, com uma contração de 1,8 por cento em 2024, e uma recuperação em 2025, que está a perder força.Desde 2023, o chefe de Estado tem legislado muito por decretos ou acordos legislativos pontuais no hemiciclo. Mas nos últimos meses tem sido cada vez mais prejudicado por um parlamento irritado com a rigidez que o líder demonstra e até com os insultos que lança: “ninho de ratos” e “degenerados” são alguns exemplos.

A oposição moderada, os setores da economia produtiva argentina e também dadores internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, pediram insistentemente ao executivo que “reforçasse o apoio político e social” às suas reformas.

Entre as reformas previstas por Javier Milei até 2027 estão reformas fiscais, flexibilização do mercado de trabalho e do sistema de proteção social. A Casa Branca e os investidores estrangeiros ficaram impressionados com a capacidade do governo de reduzir significativamente a inflação mensal – de 12,8% antes da tomada de posse de Milei para 2,1% no mês passado –, alcançar um excedente orçamental e promulgar medidas abrangentes de desregulação.

No entanto, a popularidade de Milei caiu nos últimos meses devido à frustração pública com os seus cortes nas despesas públicas e a um escândalo de corrupção ligado à sua irmã, que é também sua chefe de gabineteTrump fala em “vitória esmagadora”O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já felicitou o homólogo argentino pela “vitória esmagadora” do partido de Javier Milei.

Parabéns ao Presidente Javier Milei pela sua vitória esmagadora na Argentina. Ele está a fazer um excelente trabalho! O povo argentino justificou a nossa confiança nele”, escreveu Trump na rede social que detém, a Truth Social, enquanto se encontra a caminho do Japão.

Milei e Trump encontraram-se em meados de outubro em Washington, altura em que o norte-americano apoiou explicitamente o líder argentino na corrida para as eleições legislativas de domingo.

Trump disse que apoia Milei porque é importante “que uma grande filosofia conquiste um grande país”, e que outros Estados da América Latina sigam o caminho do movimento ultra libertário do presidente argentino.

Milei agradeceu a Trump a ajuda Governo norte-americano, que comprou pesos e abriu uma linha de ‘swap’ cambial para injetar liquidez em dólares na economia argentina, no valor de até 20 mil milhões de dólares (17,2 mil milhões de euros).


c/ agências