
Protesto contra robotização em frente à sede da Amazon na Cyber Monday
A gigante do comércio online, que triplicou a sua força de trabalho nos EUA desde 2018 para quase 1,2 milhões de pessoas, acredita que pode evitar contratar mais de 600.000 pessoas até 2033, automatizando 75% das suas operações. Chegou a era dos “cobots”.
De acordo com documentos internos da Amazon obtidos pelo The New York Times, a empresa de Jeff Bezos está a avançar a toda a velocidade para um futuro robótico.
Este plano para o futuro já está a ser posto em prática no armazém tecnologicamente mais avançado da Amazon em Shreveport, no estado da Louisiana, onde 1.000 robôs conseguiram reduzir 25% dos funcionários de que teria precisado em 2024 sem automatização.
Até 2026, a Amazon espera reduzir esse número para metade, diz o The New York Times. A empresa, que triplicou a sua força de trabalho nos EUA desde 2018 para quase 1,2 milhões de pessoas, acredita que pode evitar contratar mais de 600.000 pessoas até 2033, automatizando 75% das suas operações.
É uma estratégia que, segundo os documentos a que o NYT teve acesso, permitirá uma poupança de 0,3 dólares por encomenda e cortar milhares de milhões de dólares em custos laborais.
O armazém de Shreveport é um protótipo — uma espécie de campo de testes que a Amazon planeia expandir para pelo menos mais 40 centros robóticos até 2027.
de esperar que a Amazon use um “discurso cor-de-rosa” quando tiver de começar a discutir abertamente a substituição das carreiras e dos meios de subsistência das pessoas por máquinas.
De acordo com os documentos obtidos pelo NYT, a Amazon prefere eufemismos mais simpáticos como “tecnologia avançada” ou o termo distópico “cobot”, abreviatura de “robô colaborativo”, em vez de “IA” ou “automatização”.
Segundo a Vice, a empresa está provavelmente a usar esta terminologia porque tem uma conotação menos negativa, mas, mais cedo ou mais tarde, o termo “cobot” vai acabar por ser tão odiado como “IA” ou “automatização” — se é que não basta ouvi-lo pela primeria vez para despertar sentimentos negativos.
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Em declarações ao NYT, Daron Acemoglu, economista do MIT, avisa que este é o início de uma mudança em que um dos maiores criadores de emprego da América se torna num destruidor líquido de postos de trabalho.
Assim que a Amazon tiver conseguido obter resultados da sua “cobotização”, será apenas uma questão de tempo até que outras grandes empresas lhe sigam o exemplo.