O presidente russo “deveria pôr fim à guerra” na Ucrânia, afirmou o dirigente norte-americano, considerando que “é inadequado da parte de Putin” anunciar este teste.

Esta guerra, que deveria durar uma semana, entrará em breve no quarto ano. É isso que ele deveria fazer, em vez de testar mísseis”, disse Trump, aos jornalistas, a bordo do avião que o leva ao Japão, no segundo dia de uma digressão pela Ásia.

Putin afirmou no domingo que a Rússia testou com sucesso o seu míssil de cruzeiro nuclear Burevestnik, uma arma com capacidade nuclear que Moscovo afirma ser capaz de perfurar qualquer escudo de defesa, e que avançará para o lançamento da arma. Questionado sobre o teste do 9M730 Burevestnik (‘pássaro da tempestade’ em russo) — apelidado de SSC-X-9 Skyfall pela NATO — que, segundo Moscovo, voou 14 mil quilómetros, Trump frisou que os Estados Unidos não precisavam de voar tão longe, pois tinham um submarino nuclear ao largo da costa da Rússia.

“Eles sabem que temos um submarino nuclear, o maior do mundo, junto à costa deles, por isso, quero dizer, não tem de percorrer 13 mil quilómetros”, acrescentou Trump aos jornalistas.

Trump tem afirmado repetidamente que quer pôr fim à guerra na Ucrânia, a mais mortífera na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, embora tenha afirmado que encontrar a paz tem sido mais difícil do que alcançar um cessar-fogo em Gaza ou pôr fim ao conflito entre a Índia e o Paquistão.

Desde o anúncio do 9M730 Burevestnik em 2018, Putin tem apresentado a arma como uma resposta às iniciativas dos Estados Unidos para construir um escudo de defesa antimíssil após Washington se ter retirado unilateralmente do Tratado de Mísseis Antibalísticos de 1972 em 2001, e para alargar a aliança militar da NATO.


Eles não estão a brincar connosco e nós também não estamos a brincar com eles“, frisou Trump. “Testamos mísseis o tempo todo“. 


Segundo a Reuters, a 25 de outubro, a administração Trump preparou sanções adicionais que poderá utilizar para atingir áreas-chave da economia russa se Putin continuar a adiar o fim da guerra de Moscovo na Ucrânia.


Questionado, na altura, se estava a considerar sanções adicionais à Rússia, Trump disse: “Vai descobrir”.


Rússia guia-se pelos próprios interesses

Questionado sobre as declarações de Trump, o Kremlin afirmou que a Rússia é guiada pelos seus próprios interesses nacionais, mas não viu razão para que o teste de mísseis prejudicasse as relações com a Casa Branca.

Apesar de toda a nossa abertura para estabelecer um diálogo com os Estados Unidos, a Rússia, em primeiro lugar, e o presidente da Rússia, são guiados pelos nossos próprios interesses nacionais“, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Foi assim, é assim e é assim que será”.

O Kremlin afirmou que a Rússia estava a garantir a sua própria segurança ao desenvolver novas armas.

“Não há aqui nada que possa e deva prejudicar as relações entre Moscovo e Washington”, disse Peskov.


c/ agências