Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, quer formar uma nova aliança na UE contra a Ucrânia, à semelhança do grupo ‘Visegrado 4’ que, em 2015, bloqueou sucessivas políticas migratórias europeias

A Hungria prepara-se para formar uma aliança com a Chéquia e a Eslováquia contra a Ucrânia dentro do Conselho Europeu, o que pode significar uma dor de cabeça para António Costa.

Em declarações ao POLITICO, Balázs Orbán, o principal conselheiro político do primeiro-ministro húngaro, revela que essa aliança está prestes a tornar-se realidade. “E será cada vez mais visível”, garante, assinalando que Viktor Orbán quer unir-se a Andrej Babiš, cujo partido populista de direita venceu recentemente as legislativas na Chéquia, e ao primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, para alinhar posições antes das reuniões dos líderes da União Europeia (UE).

A ideia é que esta aliança comece a agir como um bloco no Conselho Europeu, presidido por António Costa. Um pouco à semelhança do que aconteceu durante a crise migratória na UE, explica Balázs Orbán, referindo-se ao chamado grupo ‘Visegrado 4’, formado por Hungria, Chéquia, Eslováquia e Polónia, que em 2015 bloqueou várias políticas europeias de imigração.

“Funcionou muito bem durante a crise migratória. Foi assim que conseguimos resistir”, sublinha o conselheiro de Viktor Orbán. 

O grupo acabou por dividir-se logo após a invasão russa da Ucrânia, com a Polónia a assumir uma posição mais agressiva contra a Rússia, em oposição aos restantes. Com Donald Tusk (assumidamente pró-Ucrânia) no poder em Varsóvia, a nova versão da aliança seria composta pelos líderes dos outros três países. 

Esta “aliança cética em relação à Ucrânia”, como a designa o POLITICO, não se circunscreve ao Conselho Europeu, sublinha Balázs Orbán. A ideia é que o Fidesz, (partido de Viktor Orbán, que faz parte do Patriotas pela Europa na UE), possa expandir as suas alianças no Parlamento Europeu, nomeadamente com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus.

“Portanto, esta reconstrução [do Visegrado 4] está a acontecer. Temos a terceira maior fação parlamentar europeia. Temos uma rede de think tanks, que está amplamente presente aqui [em Bruxelas], e que também tem uma vertente transatlântica. E estamos à procura de parceiros, aliados em todos os temas”, adianta o conselheiro de Orbán.