Américo Rodrigues, num discurso no 2.º Encontro da RPAC, a decorrer em Santo Tirso, falava sobre a importância do programa de formação e capacitação da RPAC, através do qual a DGArtes percebeu “rapidamente” que “havia muita fragilidade nomeadamente dos equipamentos ligados às câmaras [municipais], no que se refere aos equipamentos propriamente ditos, à sua manutenção, à conservação das obras, mas também à formação em áreas como a curadoria ou também a mediação, para dar apenas dois exemplos”.

De acordo com o diretor-geral das Artes, o programa de formação e capacitação envolveu mais de 200 profissionais de entidades ligadas à RPAC, “mas chegou a um total de 500 participantes”. “A RPAC promove, mas também podem participar técnicos, nomeadamente das autarquias nesta formação”, referiu.

Criada em 2021, a RPAC é atualmente composta por 81 entidades, que congregam 97 espaços e equipamentos em todo o território nacional.

Até 05 de dezembro estão abertas as candidaturas para a 2.ª edição do programa de apoio a projetos da RPAC, com uma dotação de dois milhões de euros.

Na 1ª. edição foram apoiados 19 projetos de entidades como a Culturgest, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas, o Museu de Arte Contemporânea da Madeira, a Bienal de Cerveira, a Associação Appleton ou o Theatro Circo.

Nesse programa de apoio, que abriu no final de 2023 também com uma dotação de dois milhões de euros, ficaram sem apoio cinco candidaturas.

Américo Rodrigues destacou alguns dos “elementos novos” na 2.ª edição do programa de apoio, nomeadamente o “apelo à promoção da circulação internacional de obras, artistas e projetos”.

“É sempre uma escolha, mas quem quiser promover, incentivar este lado da circulação internacional, tem agora ali hipóteses de financiamento. Depois há também um estímulo à transição digital nos domínios artísticos”, referiu.

Além disso, há “novidades na composição das parcerias”. “À semelhança do ano anterior, os projetos e atividades serão apresentados em parceria, composta no mínimo por três entidades que integrem a RPAC. Este ano pode haver a possibilidade de parceria com a Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE)”, disse.

Américo Rodrigues referiu que tal acontece porque a CACE, iniciada em 1976, “tem que ser lembrada e divulgada”, e “tem um acervo, tem uma coleção importantíssima”.

“Os projetos podem ser apresentados por duas entidades da RPAC e pela CACE. Mas isso são opções. Nesta e noutras redes são opções de quem concorre”, disse.

Criada nos anos 1970 com o objetivo de se converter numa coleção representativa da produção artística nacional, a então “Coleção SEC” foi fazendo aquisições ao longo das décadas, mas ficou paralisada durante cerca de vinte anos.

As aquisições foram retomadas em 2019, através da criação de comissões para identificar obras de artistas plásticos contemporâneos, com vista à integração no programa de aquisição de arte contemporânea portuguesa do Estado.

Esse programa foi retomado pelo Governo depois de um grupo de 200 artistas plásticos ter, em 2018, exigido medidas urgentes para o setor da arte contemporânea ao então primeiro-ministro, António Costa, que lançou um programa de aquisições a dez anos, começando com um orçamento de 300 mil euros para 2019.

A CACE é atualmente composta por um acervo com mais de duas mil obras, e inclui trabalhos de pintura, escultura, fotografia, vídeo, instalação, entre outros meios, abrangendo diversas gerações e linguagens artísticas.

Na CACE estão representados alguns dos mais importantes artistas portugueses, como Julião Sarmento, Artur Bual, Júlio Pomar, Maria Keil, Ilda David, Júlio Resende, Helena Almeida, Noronha da Costa, José Guimarães, Abel Manta ou Nikias Skapinakis.

As obras estão, na sua maioria, depositadas em várias instituições, dentro e fora do país, das quais se destacam a Fundação de Serralves, a Fundação do Centro Cultural de Belém, a Câmara Municipal de Coimbra e Câmara Municipal do Porto.

Atualmente, a CACE está integrada na Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. e tem, desde 2022, como curadora Sandra Vieira Jürgens.

Já com Jürgens em funções, a CACE deu início a um programa de itinerância que tem levado a coleção a vários pontos do país.

Leia Também: DGArtes abre programa a projetos da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea