O relatório indica que a taxa de mortes relacionadas com o calor aumentou 23 por cento desde a década de 1990, alcançando uma média de 546 mil óbitos por ano entre 2012 e 2021.

“Isto equivale aproximadamente a uma morte relacionada com o calor a cada minuto ao longo do ano. É um número realmente alarmante e que está a aumentar”, vincou um dos investigadores, Ollie Jay, citado pelo Guardian.

Nos últimos quatro anos, cada pessoa foi exposta, em média, a 19 dias por ano de calor com risco de vida. Dezasseis desses dias não teriam ocorrido sem o aquecimento global causado pela mão humana, sugere o relatório.

O documento alerta ainda que a dependência dos combustíveis fósseis causa poluição atmosférica tóxica, incêndios florestais e a propagação de doenças como a dengue, matando milhões de pessoas todos os anos.

Por outro lado, a redução da queima de carvão salvou cerca de 400 vidas por dia na última década, segundo os investigadores.


Este relatório traça um quadro sombrio e inegável dos danos devastadores à saúde que chegam a pessoas de todos os cantos do mundo. A destruição de vidas e meios de subsistência continuará a aumentar até que acabemos com a nossa dependência dos combustíveis fósseis”, alertou a líder deste estudo, Marina Romanello, também citada pelo Guardian.


Milhões de mortes “sem necessidade”

Os investigadores concluíram ainda que, em 2023, os governos de todo o mundo distribuíram cerca de 2,3 mil milhões de euros por dia em subsídios diretos a empresas de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, as populações perderam aproximadamente a mesma quantia devido às elevadas temperaturas que as impediram de trabalhar na agricultura e construção.

No geral, a exposição a altas temperaturas resultou num recorde de 639 mil milhões de horas de trabalho perdidas em 2024, o que causou perdas de seis por cento do PIB nacional nos países menos desenvolvidos.

“Estamos a ver milhões de mortes a ocorrer sem necessidade todos os anos devido ao nosso atraso em mitigar as alterações climáticas e ao nosso atraso em adaptarmo-nos às alterações climáticas que não podem ser evitadas. Estamos a assistir a líderes importantes, governos e empresas a recuarem nos compromissos climáticos e a colocarem as pessoas cada vez mais em risco”, acrescentou Romanello.

A edição de 2025 do Lancet Countdown on Health and Climate Change foi liderada pela University College London em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e produzida por 128 especialistas de mais de 70 instituições académicas e agências da ONU.

c/ agências