O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do BES, na resolução deste.

Em 2017, a maioria do capital foi vendido à Lone Star. Então, foi acordado um mecanismo pelo qual, nos anos seguintes, o Fundo de Resolução injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas.

O mecanismo em causa (um acordo de capitalização contingente) tinha por objetivo proteger os rácios de capital do Novo Banco das perdas registadas num conjunto determinado de ativos. O Novo Banco, por outro lado, tinha um calendário fixado para a venda (ou para se livrar, por outras palavras) dos seus créditos malparados ou problemáticos, tais com carteiras de imobiliário.

Ora, a gestão do Novo Banco – então com António Ramalho – vendeu esses ativos, incluindo carteiras de imobiliário, com descontos muitas vezes superiores a 50%, perdas face ao valor dos ativos registados em conta que depois eram compensadas pelo mecanismo de capitalização contingente (CCA). Essa prática levou a intensas críticas de parte da classe política, quer dirigidas à gestão do banco, quer ao papel do Fundo de Resolução quer ao acordo de venda 2017 que permitia que tal acontecesse.

A operação da PJ parece estar dirigida precisamente às operações de venda de carteiras de imobiliário a desconto, cujas perdas eram depois compensadas através do mecanismo CCA. Em última análise, essa compensação era depois paga através do Orçamento do Estado (até ao limite, já descrito, de 3,4 mil milhões de euros).