A chefe da Divisão de Educação do município, Patrícia Flores, guia-nos na visita ao Alojamento Estudantil de Anadia: “28 camas neste piso, 28 camas no piso superior. É um alojamento acessível, os valores variam entre os 85 e os 120 euros. Quem é que tem acesso? Qualquer pessoa que estude ou que esteja ligada ao ensino superior.”
O alojamento, que abriu portas este ano letivo, ocupa parte da antiga escola secundária, onde está instalada também a Escola da Bairrada, um polo do Instituto Politécnico de Coimbra, criado tanto no concelho de Anadia, como no da Mealhada.
Este é um exemplo da aposta em dar nova vida a edifícios devolutos. Depois de um processo de aquisição ao Estado, a antiga Secundária é propriedade do município de Anadia. Uma parte do imóvel foi transformada em alojamento estudantil, com uma obra de requalificação financiada pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior.
Segundo Hugo Fonseca, chefe da Divisão de Planeamento e Sistemas de Informação Geográfica, “estamos aqui num exemplo, que era uma antiga escola secundária, e foi convertida para um alojamento estudantil a custos acessíveis. De qualquer maneira, estamos já a trabalhar noutros edifícios que são do Estado e outros que já foram adquiridos pela Câmara para transformar em habitação.”

Possibilidades e dificuldades, da teoria à prática
Um projeto que deverá concretizar-se em breve envolve o antigo Serviço de Finanças de Anadia. O município prepara-se para adquirir os espaços que foram desocupados pela Autoridade Tributária, para transformá-los em habitação municipal em regime de arrendamento acessível. Hugo Fonseca adianta que, de acordo com o estudo prévio, “poderá acomodar cerca de 10 fogos”.
Um dos caminhos de resposta à crise?
O chefe da Divisão de Planeamento e Sistemas de Informação Geográfica do município, assume que há no concelho “carências de habitação”. Segundo Hugo Fonseca, à luz da experiência de Anadia, o aproveitamento de imóveis públicos sem utilização faz sentido.
“Temos aqui a capacidade técnica, o conhecimento do território e daquilo que é necessário para cada população. Podemos, então, ser nós municípios a desenvolver estes projetos de reutilizar ou dar um novo uso aos edifícios que estão devolutos”, justifica
Na hora da saída, a presidente da Câmara cessante recorda que o município tem apostado em diferentes vertentes no campo da habitação, nomeadamente com investimentos em construção de raiz, recorrendo aos fundos disponíveis. E mantendo o interesse, em simultâneo, em dar nova vida ao património devoluto, em distintas áreas e projetos, incluindo a habitação.
“À parte dos investimentos que o município tem feito, também tem sido a nossa preocupação, e desde sempre que alertámos o Estado português, que existem alguns imóveis no concelho de Anadia a necessitarem de intervenção”, desvenda a autarca, sublinhando o interesse em que “alguns dos imóveis pudessem ser disponibilizados ao município de Anadia, para, no fundo, terem obras de conservação, de manutenção e também ajustá-los à habitação”.
Numa avaliação desta opção, Teresa Cardoso considera que, embora dependendo da realidade de cada município, é uma forma de evitar ter edifícios públicos sem utilização: “Investe-se tanto na requalificação ou regeneração urbana e aquilo que nós menos queremos é efetivamente depois ter imóveis devolutos no centro das localidades. Podendo haver esse tipo de resposta, obviamente é um caminho”.