Maria Vinagre tem apenas 14 anos, mas já soma um percurso invejável. A jovem setubalense, que encantou o País nas semifinais do “The Voice Kids”, lança agora o seu primeiro single, “Só Ser”, disponível em todas as plataformas digitais a partir desta quarta-feira, dia 29 de outubro. O tema marca o início de uma nova etapa na vida da jovem cantora e promete emocionar uma geração de adolescentes que, como ela, vivem pressionados pela pergunta: “O que queres ser quando fores grande?”.
“Tenho pensado muito sobre essa questão”, confessou Maria à New in Setúbal. “Esta música explica que não tenho de decidir já, que posso ser só eu mesma e não tenho de pensar já no futuro”. É essa mensagem sincera, crua e universal, que dá nome ao tema e inspira o refrão: ‘Deixem-me ser, só ser’”.
Uma paixão que cresceu nas ruas de Setúbal
A música sempre fez parte do quotidiano de Maria, mesmo antes de perceber que queria seguir esse caminho. “Comecei a cantar mais a sério aos nove anos e, em 2023, fui ao ‘The Voice Kids’, mas não passei dos castings. No ano seguinte, fui até às provas cegas, mas também não consegui virar nenhuma cadeira”, conta.
Foi nessa altura que o pai, Ricardo Vinagre, percebeu que a filha precisava de confiança. “Ela cantava no carro, em casa, não parava. Seguíamos sempre o ‘The Voice Kids’ em família e ela dizia: ‘Um dia vou estar ali’. Queria ajudá-la a conseguir conquistar esse sonho”, explica. Depois de não passar nas provas cegas de 2024, a família comprou umas colunas e incentivou-a a cantar na rua. “Era uma forma de perder a vergonha. As primeiras vezes custaram-lhe muito, mas agora já pede para ficar mais tempo”. A jovem cantora também investiu em aulas de canto, para poder voltar ao programa com maior capacidade vocal.
Hoje, é comum vê-la a atuar na Baixa de Setúbal, onde canta de tudo um pouco, mas Maria confessa que o seu estilo preferido é o pop. E foi justamente a sua persistência que a levou de volta ao “The Voice Kids”, este ano, onde virou as quatro cadeiras, recebeu o Super Passe de Carreira e chegou às semifinais.
“Só Ser”: um manifesto sobre crescer sem pressas
“Esta música é uma resposta às perguntas que toda a gente me faz: o que vais seguir, o que queres ser, vais continuar na música”, explica Maria. “Quero só viver o momento, cantar e fazer o que gosto. Ainda não sei se a minha vida vai ser a música ou não, e não sei o que me aguarda no futuro, por isso agora quero só ser”. O tema foi composto com a apoio da cantora e compositora Constança Quinteiro, de Sesimbra, com quem Maria trabalha regularmente em sessões de composição.
O processo criativo para o novo single foi natural e espontâneo. “A música saiu no final de uma sessão. Elas sentam-se, falam de temas, escrevem frases, testam melodias. Depois levam tudo ao produtor, o Geminai, que é de Setúbal, e montam o instrumental”, explica Ricardo. O resultado é um tema doce, intimista e autêntico, que reflete a personalidade de Maria, uma artista em crescimento, que canta sobre o que sente.
“O que quero que as pessoas sintam é o mesmo que eu senti quando escrevi: que o futuro não depende do agora e que é preciso viver o momento”, diz a jovem cantora.
Do “The Voice Kids” para os palcos e para a primeira banda
O sucesso no programa da RTP trouxe-lhe não só visibilidade, mas novas oportunidades. Maria e o pianista Dinis Reis, também setubalense, começaram a apresentar-se juntos em pequenos concertos intimistas, de voz e piano. “Eles já fazem alguns shows privados, só os dois, e dão-se super bem”, conta o pai.
A parceria evoluiu naturalmente para algo maior: uma banda formada por músicos de diferentes gerações. “O Dinis já tocava com ela, e agora o pai dele é o guitarrista da nossa banda. Um outro colega dos miúdos, o Gonçalo, é o baterista e o pai dele é o baixista. São três famílias envolvidas, e eu trato da gestão e divulgação”.
A banda fará a estreia oficial no Alegro de Castelo Branco, onde Maria irá apresentar quatro originais, incluindo “Só Ser”. E em agosto de 2025, a jovem vai viver um dos maiores momentos da sua carreira ainda embrionária: abrir o concerto de Nena, um dos nomes mais promissores da pop portuguesa.
Seis canções, seis mundos diferentes
Embora “Só Ser” seja o primeiro lançamento, Maria já tem três singles terminados e outros três em fase final. “Ela é muito nova e ainda estamos a descobrir qual será a linha dela, mas a ideia é lançar um single de três em três semanas, a partir de agora”, revela Ricardo Vinagre.
O segundo tema será em inglês, “numa onda mais Olivia Rodrigo ou Billie Eilish”, como define Maria, com uma sonoridade intensa e emocional. “Essa segunda música mostra mais a capacidade vocal da Maria, fala de estar presa num trânsito que nos representa a nós mesmos e de ter de seguir em frente. É muito conceptual”. Já o terceiro single terá sonoridades de bossa nova e fala “da lua como amiga e confidente”, refletindo o lado introspectivo da artista.
A música é apenas uma das suas paixões
Apesar do talento e da maturidade artística, Maria é uma adolescente como tantas outras. Frequenta o 9.º ano e, além da música, divide o tempo entre outras paixões. “Faço ginástica acrobática há oito anos, e há quatro pelo Vitória de Setúbal”, conta. Também adora pintar e fazer crochet, um hobby que aprendeu sozinha.
No futuro, quer seguir artes no ensino secundário, continuando a explorar diferentes formas de expressão. “Gosto de cantar, mas também de desenhar, pintar e criar. Ainda estou a descobrir o que quero ser”.
É precisamente essa sinceridade e a coragem de dizer o que sente que torna Maria Vinagre especial. Aos 14 anos, a jovem artista está a aprender o mais importante de tudo: que o talento cresce, mas só floresce quando se é fiel a si mesmo.
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