O que era para ser um debate político transformou-se rapidamente numa discussão de café, com vozes elevadas, insultos e uma saída em direto. À mesa, na SIC Notícias, estavam Miguel Prata Roque, jurista do PS, Rodrigo Taxa, deputado do Chega, e o antigo deputado do PSD Duarte Pacheco. Mas este último nem teve tempo de abrir a boca — o confronto entre os dois primeiros preencheu todo o palco e o ruído.
O ambiente começou a azedar quando Miguel Prata Roque criticou duramente o discurso do Chega, acusando o partido de “promover o racismo” com os cartazes da candidatura de André Ventura às presidenciais, onde se pode ler mensagens como ‘Isto não é o Bangladesh’.
“O movimento de apoio à candidatura de André Ventura, que é aliás financiado pelo Chega, neste momento está em violação da Constituição e está em violação também da lei de 1978 que proíbe a existência de organizações fascistas. Porque um dos traços do fascismo é o apelo à violência. O apelo à violência como ação política. E por outro lado é a exaltação de figuras associadas ao fascismo. O que não será deste Salazar da Temu que veio dizer que eram precisos três Salazares?”, disse o comentador do PS.
A provocação não caiu bem ao deputado do Chega, que reagiu com um sorriso tenso e dirigindo-se a Prata Roque disse: “Tem a noção do que diz não faz qualquer sentido”.
Entretanto, o socialista afirmou que queria fazer defesa da honra e Rodrigo Taxa num tom cada vez mais elevado disse: “O André Ventura não é fascista. Deixe-me acabar, homem, está muito nervoso.” Quando Miguel Prata Roque tentou responder, o deputado atirou a frase que rapidamente incendiou o estúdio: “Ó homem, cale-se”.
A frase foi suficiente para aquecer ainda mais os ânimos, que já estavam quentes, e Prata Roque, visivelmente indignado, retorquiu: “O senhor não me manda calar nem aqui, nem em lado nenhum!”.
“Eu mando calá-lo sempre que você me interromper. Quando esteve a falar, eu não lhe cortei a palavra uma vez. Portanto, se quer estar aqui, fala e depois ouve. Eu não estou para o aturar”, respondeu o deputado do Chega.
Foi aí que Prata Roque começou a levantar-se e a tirar o microfone, acabando mesmo por abandonar o estúdio.
Rodrigo Taxa estava determinado em ter a última palavra e, dirigindo-se ao comentador de saída, ainda atirou: “Não tem educação… O melhor que tem é levantar-se da mesa. Números de circo, eu não dou para palhaços”.
A jornalista, que até ali fez várias chamadas de atenção e tentativas de acalmar os ânimos viu-se obrigada a dar o debate por terminado. “Não há condições para prosseguir”.
Sem grande surpresa, a cena entre Prata Roque e Rodrigo Taxa é o assunto do momento nas redes sociais.
Não sou fã de Prata Roque. Pelo contrário, já mostrou que não tem compromisso com a verdade. Porém, ainda assim, eu também sairia se alguém se me dirigisse no tom usado pelo outro fulano pic.twitter.com/rCBfKnI75p
— Αntonio Nogueira Leite (@al_antdp) October 29, 2025