Com o calor do verão e o aumento dos encontros ao ar livre, muitos consumidores procuram soluções práticas e festivas nos supermercados — e os barris de cerveja de 5 litros surgem como uma escolha apelativa. No entanto, especialistas do sector alertam para uma armadilha escondida: longe de serem uma opção económica, estes barris acabam por sair mais caros do que os packs tradicionais de garrafas.
A ideia de que comprar em maior quantidade compensa é desmentida neste caso. Ao contrário do que acontece com outros produtos, o preço por litro da cerveja em barril é, muitas vezes, superior ao das versões engarrafadas. A revelação foi feita por responsáveis da cadeia francesa V&B ao jornal Le Figaro, que desmontaram o mito associado a este formato aparentemente vantajoso.
Segundo Clémence Filoche, diretora de marketing da V&B, o apelo do barril está ligado mais à perceção do que à realidade. “O cliente associa o barril a uma experiência especial, à ideia de ter cerveja de pressão em casa”, afirmou. Esta perceção, reforçada por estratégias de marketing, faz com que muitos consumidores aceitem pagar mais por litro, acreditando que estão a obter algo superior. Contudo, esse “efeito bar” nem sempre se concretiza.
Pierre Queval, responsável pelas compras de cerveja na mesma cadeia, acrescenta que o sabor tão valorizado da cerveja tirada à pressão não se replica, obrigatoriamente, nos formatos reduzidos. “Os franceses acham que a cerveja sabe melhor tirada do barril, mas nos mini-formatos isso nem sempre acontece”, explicou, sublinhando que o encanto pode ser maior do que o benefício real.
Para além do custo, o barril de 5 litros apresenta outras desvantagens práticas. Ocupa muito espaço, exige ser colocado no frigorífico com antecedência e o processo de arrefecimento é lento. Além disso, segundo os especialistas, raramente se aproveita todo o conteúdo, levando a desperdício — algo que não acontece com as garrafas, que podem ser consumidas individualmente.
O preço elevado do barril também se deve aos custos logísticos e de produção. O sistema de CO₂ utilizado, o invólucro especial e o manuseamento do produto tornam-no mais dispendioso para os fabricantes e distribuidores, o que acaba por se refletir no valor pago pelo consumidor final. Ou seja, está-se a pagar mais por uma conveniência que nem sempre se verifica.
Por contraste, as garrafas continuam a oferecer uma vantagem clara em termos de versatilidade e variedade. “Os nossos clientes preferem combinações: experimentar diferentes estilos, marcas ou sabores”, referiu ainda a equipa da V&B. Esse leque de escolhas desaparece com o barril, que normalmente oferece apenas um tipo de cerveja — uma limitação que, para muitos consumidores, compromete a experiência desejada.
Em resumo, o barril de 5 litros, embora vendido como uma opção divertida e prática, pode acabar por ser um mau negócio. A ilusão da “cerveja como no bar” esconde custos mais elevados, menos flexibilidade e várias dificuldades logísticas. Um alerta que chega dos especialistas e que convida os consumidores a olhar duas vezes antes de colocar o barril no carrinho de compras.