Rui Costa e Noronha Lopes, os dois candidatos que disputam a segunda volta das eleições do Benfica, a 8 de Novembro, encontraram-se nesta quinta-feira, no Estádio da Luz, para um debate de uma hora, acompanhado por quatro estações de televisão, em que ambos reafirmaram a convicção de que conseguirão vencer o acto eleitoral.
Numa campanha que, como disse Rui Costa, já vai longa, em que os projectos já foram amplamente avaliados, sobrou muito pouco para além de uma discussão sobre a mágoa pessoal depois do que os entrevistadores “apelidaram” de campanha suja.
Rui Costa e Noronha Lopes comungam da ideia de força dos benfiquistas, sobretudo no que se refere à manifestação dada nas eleições mais concorridas de sempre. Ambos defenderam a continuidade de José Mourinho, mas divergiram quando tocaram na ferida aberta por trocas de acusações de carácter pessoal e excessos imputados às duas candidaturas.
O debate foi precedido de breves intervenções de João Noronha Lopes e Rui Costa. O candidato que ficou em segundo lugar na primeira volta (30,26% dos votos) disse esperar “uma conversa à Benfica”. “Partimos para uma segunda etapa, que começa do zero, ainda que com Rui Costa à frente [42,13%]. Por isso tenho de pedalar um bocadinho mais”, vincou, garantindo que não cederá à tentação de reclamar os votos de João Diogo Manteigas — que já lhe endereçou apoio a nível estritamente pessoal.
Rui Costa, que chegou depois ao palco do debate, colocou a discussão na estaca zero, apesar da vantagem de mais de 200 mil votos conseguida na primeira volta. E aproveitou prontamente para corrigir o seu opositor no uso da expressão “presidente do quase”, numa referência aos títulos falhados nos últimos quatro anos.
Sem esconder a frustração, Rui Costa lembrou a Noronha Lopes que não foi um campeonato e uma Supertaça que o Benfica conquistou no seu consulado, mas sim um campeonato, duas Supertaças e uma Taça da Liga. “[Isto] Depois de ter pegado no Benfica como peguei e da imensa remodelação feita”, contextualizou, garantindo que o Benfica “está muito melhor do que há quatro anos e os sócios têm noção disso”.
Noronha Lopes, que defendeu a continuidade de José Mourinho, aproveitou para atacar Rui Costa por não ter dado nem condições nem tempo a Bruno Lage, defendendo o exemplo de Luís Filipe Vieira quando manteve Jorge Jesus e depois foi campeão. Apesar dos reparos, reafirmou não ter “uma candidatura contra ninguém, mas a favor do Benfica”.
Na parte menos dignificante do debate, que começou pela questão do mail da candidatura de Noronha Lopes enviado no dia das eleições aos voluntários/sócios (que o candidato insistiu ser “ruído” desnecessário, mas que motivou uma queixa que o Benfica encaminhou para a Comissão Nacional de Protecção de Dados), ambos concordaram com a forma “abominável” como decorreram ataques nas redes sociais.
“Não estamos em partidos, estas eleições não podem ser vista como uma campanha política. Somos o maior clube do mundo, mas só somos grandes se conseguirmos estar juntos. Não consigo compreender e abomino este comportamento”, condenou Rui Costa, enquanto Noronha lembrou que já foi “acusado praticamente de tudo, de ser o novo Vale e Azevedo, de precisar do Benfica para viver, de não ter rendimentos”.
“Sabemos como funcionam as redes sociais, mas, no final, somos todos do mesmo clube”, concluiu o actual líder dos “encarnados”.