Um predador ágil e feroz chamado Nanotyrannus jávagou pelo oeste da América do Norte. Ele parecia uma versão menor do Tyrannosaurus rex, mas tinha várias diferenças anatômicas importantes. Essa é a conclusão de uma pesquisa que saiu nesta quinta-feira (30) na revista Nature.

Há anos, paleontólogos debatem se o Nanotyrannus seria apenas uma versão mais jovem de T. rex ou se seria uma outra espécie. O novo estudo apoia esta segunda hipótese.

Os autores da pesquisa examinaram fósseis de Nanotyrannus desenterrados em 1942, 2001 e 2006 no estado de Montana, nos Estados Unidos. Eles são de aproximadamente 67 milhões de anos atrás.

As características dos ossos indicam que esses espécimes eram maduros, não juvenis, segundo os cientistas. Além disso, os bichos possuíam mais dentes, uma crista na frente dos olhos, uma diferença na estrutura na parte posterior do crânio e um terceiro dedo, um a mais que o T. rex.

Nanotyrannus e Tyrannosaurus eram ambos membros de uma linhagem de dinossauros carnívoros chamados tiranossauros. Não pertenciam, porém, ao mesmo gênero, de acordo com os pesquisadores.

Um gênero é um grupo de espécies estreitamente relacionadas que compartilham características semelhantes. Por exemplo, leões, tigres, leopardos e onças-pintadas são do mesmo gênero, Panthera, mas cada um representa uma espécie diferente.

O nome do gênero Tyrannosaurus significa “lagarto tirano”, com o nome da espécie “rex” significando “rei”. O nome do gênero Nanotyrannus significa “tirano anão”.

O T. rex era um predador adaptado para exercer forças de mordida incríveis. O Nanotyrannus era um predador esbelto e ágil que poderia ter corrido em círculos ao redor do rei tirano”, disse a paleontóloga Lindsay Zanno, da Universidade Estadual da Carolina do Norte e do Museu de Ciências da Carolina do Norte. Ela é a autora principal do estudo publicado nesta quinta-feira.

Na avaliação dela, a nova análise encerra o debate em torno do Nanotyrannus. “Não é biologicamente possível concluir que se trata de um T. rex juvenil”, afirmou Zanno.

A diferença de tamanho entre eles era marcante. Com seus cerca de 700 quilos, o Nanotyrannus tinha cerca de 10% da massa corporal de um T. rex (7 toneladas). Seu comprimento era de 5,5 metros e sua altura, 2 metros, contra 12 metros e 4 metros respectivamente de um T. rex.

“Nanotyrannus e T. rex são extremamente diferentes”, afirmou o paleontólogo James Napoli, da Universidade Stony Brook em Nova York, coautor do estudo.

O Nanotyrannus era um predador desenvolvido para velocidade e agilidade, com pernas longas, um focinho comprido com dentes em forma de lâmina e braços fortes para manipular presas. O Tyrannosaurus, por sua vez,era um predador com força, pernas robustas, uma cabeça enorme, dentes grossos em forma de banana e braços muito reduzidos.

“Suspeito que essas duas espécies ocasionalmente entrariam em conflito, como os predadores tendem a fazer, mas as pernas longas do Nanotyrannus e seu tamanho pequeno sugerem que ele caçava principalmente presas menores e mais rápidas do que o Tyrannosaurus”, acrescentou Napoli.

Os pesquisadores também determinaram que os espécimes de Nanotyrannus apresentavam diferenças anatômicas suficientes para serem divididos em duas espécies distintas: Nanotyrannus lancensis e o recém-nomeado Nanotyrannus lethaeus.

Algumas pesquisas sobre o amadurecimento do Tyrannosaurus tiveram como base a ideia de que os fósseis de Nanotyrannus representavam de T. rex juvenis. Entre esses estudos, alguns levantaram a hipótese de que o predador experimentava uma taxa de crescimento extrema.

“Durante décadas, paleontólogos usaram inadvertidamente espécimes de Nanotyrannus como modelo para o T. rex adolescente para entender a biologia do dinossauro mais famoso da Terra. Esses estudos precisam de uma segunda análise”, afirmou Zanno.

A descoberta de que Nanotyrannus e Tyrannosaurus compartilhavam o mesmo ambiente, junto com uma miríade de dinossauros herbívoros, oferece a mais recente evidência de que a diversidade de dinossauros era rica antes do impacto do asteroide há 66 milhões de anos que levou ao fim da Era dos Dinossauros.

“Essa descoberta nos mostra que os dinossauros continuaram a evoluir, inovar e diversificar até que seu reinado foi interrompido. Isso se encaixa em um crescente conjunto de evidências que provam que os dinossauros não estavam em declínio por milhões de anos antes de sua extinção, diferentemente do que pensávamos antes”, disse Napoli.