Uma enorme torre de 102 andares localizada no número 432 da Park Avenue, enfrenta sérios desafios estruturais que colocam em risco sua segurança e habitabilidade. Com uma fachada impressionante de concreto branco que se destaca em meio aos arranha-céus de vidro, o edifício inaugurado em 2015 é um dos mais emblemáticos da Billionaires’ Row em Manhattan. No entanto, problemas como vazamentos, falhas nos elevadores e queixas sobre a oscilação das unidades têm surgido desde a conclusão das obras.
Recentemente, a situação ficou ainda pior. Relatórios de especialistas apontam a presença de fissuras e sulcos no exterior do prédio. Esses danos, vale dizer, são considerados indicativos de sobrecarga provocada por ventos fortes e chuvas intensas.
Engenheiros afirmam que, sem intervenções corretivas que podem custar milhões de dólares, o edifício poderá se tornar inabitável e apresentar riscos para as pessoas nas ruas abaixo. Ainda que inspetores tenham classificado a estrutura como segura, documentos enviados à prefeitura revelam a ausência de partes do concreto em andares superiores e novas rachaduras na fachada. Enquanto isso, os conflitos legais entre moradores, incorporadores e empreiteiras aumentam à medida que as questões estruturais emergem.
Segundo o New York Times, o projeto do 432 Park foi idealizado pelo empresário Harry Macklowe e pelo arquiteto Rafael Viñoly, com o intuito de criar uma torre icônica. Contudo, os desafios técnicos associados à escolha do concreto branco estão agora sob escrutínio. O concreto branco é uma escolha estética arriscada, pois pode comprometer a resistência estrutural do edifício. Especialistas em engenharia já levantaram preocupações sobre a durabilidade desse material desde os estágios iniciais da construção.
Com uma proporção esbelta de 15 para 1, o 432 Park se destaca não apenas pela altura, mas também pela sua singularidade no mercado imobiliário. As vendas foram um sucesso estrondoso, arrecadando mais de US$ 2,5 bilhões; entre os compradores estavam figuras públicas como Jennifer Lopez e Alex Rodriguez. Contudo, logo após a inauguração, começaram as reclamações sobre problemas operacionais e estruturais.
As ações judiciais surgiram quando o conselho do condomínio processou construtoras por supostamente venderem unidades com defeitos ocultos. Durante o verão recente, Macklowe tentou vender três unidades do prédio sem sucesso devido a dívidas relacionadas ao financiamento.
O CIM Group defende que o projeto foi realizado com padrões elevados e considera infundadas as alegações sobre deterioração. Apesar disso, engenheiros consultados afirmam que fissuras são comuns em construções desse tipo, mas alertam para indícios de falhas estruturais que precisam ser abordadas urgentemente.
Os custos para resolver os problemas estruturais podem ultrapassar US$ 100 milhões e novos relatórios sugerem que as fissuras representam um risco crescente para a segurança pública. O engenheiro Steve Bongiorno destacou que o prédio está sob estresse maior do que o esperado.
A situação é ainda mais alarmante considerando que este não é um caso isolado; outros arranha-céus de luxo também enfrentaram problemas semelhantes. No entanto, as dificuldades específicas do 432 Park parecem estar ligadas à ambição estética de sua fachada branca.
Os desafios enfrentados pela torre levantam questões sobre a viabilidade das novas tecnologias na construção civil e o futuro do mercado imobiliário em Nova York. Especialistas alertam que se as condições atuais persistirem sem reparos adequados, o prédio poderá se tornar não apenas inabitável, mas também representar um risco para aqueles que circulam em suas proximidades.
A torre se encontra sob observação do Departamento de Edificações da cidade há vários anos e, embora novos reparos tenham sido realizados, evidências recentes apontam para uma deterioração contínua. Ainda assim, autoridades municipais garantem que não há evidências atuais de risco estrutural iminente e observam que pequenas degradações são comuns mesmo em edificações icônicas como o Empire State Building.
Giovanna Gomes é jornalista e estudante de História pela USP. Gosta de escrever sobre arte, arqueologia e tudo que diz repeito à cultura e à história do ser humano.