Coral Adventurer é um cruzeiro de luxo, com viagens que podem chegar aos 45 mil euros e durar 60 dias, com o objetivo de visitar “cantos escondidos” da Austrália. Mas para Suzanne Rees, a viagem durou menos de 48 horas. A mulher de 80 anos acabaria por ser encontrada morta mais tarde numa das ilhas onde o cruzeiro atracou e de onde partiu sem ela.

O cruzeiro, com capacidade para 120 passageiros e 46 tripulantes, partiu no dia 24 de outubro do porto de Cairns, no nordeste da Austrália. No sábado, dia 25, os passageiros tiveram a possibilidade de passar o dia na ilha Lizard, a 240 quilómetros do porto de partida, localizada na Grande Barreira de Coral.

A mulher terá saído do cruzeiro e, embora estivesse a viajar sozinha, juntou-se a um grupo de passageiros que faria uma caminhada até ao ponto mais alto da ilha, conhecido como “Cook’s Look”, segundo o jornal australiano Courier Mail. No entanto, durante a caminhada, Suzanne separou-se do grupo “porque precisava de descansar”.

“A polícia informou-nos que era um dia muito quente e que a minha mãe se tinha sentido mal durante a subida”, explicou a filha, Katherine Rees, à BBC. “Disseram-lhes para descer sem acompanhamento. Depois, o navio partiu, aparentemente sem fazer a contagem dos passageiros. Em algum momento dessa sequência, ou pouco depois, a minha mãe morreu sozinha”, lamenta.

O navio terá partido entre as 18h00 e as 19h00 de sábado. O alerta para o desaparecimento foi dado às 21h00, altura em que realizaram uma verificação dos passageiros a bordo e se aperceberam que faltava Suzanne. As buscas ficaram a cargo da polícia de Queensland, estado australiano onde a mulher tinha ficado, e da Autoridade Marítima Australiana.

No domingo, o corpo acabaria por ser encontrado na ilha pelas autoridades, que descreveram a morte como “repentina e suspeita”. Não é claro quando morreu ou as causas, nem o porquê de a tripulação não ter dado conta de que Suzanne não tinha embarcado no cruzeiro, circunstâncias que a autoridade marítima está agora a investigar.

A tripulação do cruzeiro será interrogada pelas autoridades quando o cruzeiro atracar em Darwin, o próximo local da viagem, previsto para o dia 2 de novembro.

Katherine Rees, a filha da vítima, garante estar em choque com o aparente descuido da empresa. “Partiu sem a minha mãe”, conta à BBC, acrescentando: “Pelo pouco que nos disseram, parece ter havido uma falha de cuidado e de bom senso”, diz.

A empresa Coral Expeditions, que detém o cruzeiro Coral Adventurer, já expressou a sua consternação e lamentou o ocorrido. “Estamos em contacto com a família da vítima e continuaremos a oferecer-lhes apoio neste momento difícil”, escreveu em comunicado.