A notícia foi avançada pela CNN Portugal e, posteriormente, confirmada pela RTP.
Horas depois de ter sido mandada para casa, a grávida de nacionalidade guineense deu entrada na urgência do hospital Amadora-Sintra em paragem cardiorrespiratória, acabando por morrer após o bebé nascer.A ULS Hospital Amadora-Sintra adiantou à RTP que está a recolher dados sobre o que aconteceu e a avaliar a situação.
Em comunicado, a unidade esclareceu que a mulher deu entrada no Serviço de Urgência de Obstetrícia desta ULS, pela 1h50, em “situação de paragem cardiorrespiratória”.
“Após a entrada no serviço foi realizada de imediato uma cesariana de emergência, tendo o bebé nascido à 1h56”, adianta o hospital, acrescentando que o bebé está “neste momento sob vigilância médica, com prognóstico muito reservado”.
A grávida, no dia 29 de outubro de 2025, “dirigiu-se assintomática a este ULS para uma consulta rotina, durante a qual foi identificada com hipertensão ligeira”. E após “a realização de vários exames complementares de diagnóstico teve alta com indicação para internamento às 39 semanas de gestação”.
O hospital abriu entretanto um inquérito interno “para apurar todas as circunstâncias associadas ao ocorrido”.
“História não bem esclarecida de hipertensão”
Em declarações aos jornalistas na tarde desta sexta-feira, o diretor do serviço de Urgência de Obstetrícia explicou que a grávida tinha chegado recentemente a Portugal, pelo que o seguimento da gravidez não foi “o ideal”, havendo “uma história não bem esclarecida de hipertensão”.
“O tempo em que a grávida estava era um tempo de termo precoce”, explicou Diogo Bruno.
A indicação nestes contextos é “tentar beneficiar tanto a mãe como o bebé em termos de desfechos”, tentando que “a natureza siga o seu rumo” e “só atuar se realmente se justificar do ponto de vista do risco materno-fetal”, acrescentou.
Segundo este médico, “não se previa que assim fosse”, já que “a grávida não tinha sintomas”.
A mulher de 36 anos “foi apenas por extra cuidado enviada à urgência”, tendo sido “despistada pré-eclampsia com base nos exames que foram realizados”, razão pela qual foi enviada para casa.

Depois, entrou no hospital “em paragem cardiorrespiratória”, pelo que o plano de cesariana foi traçado ainda antes de dar entrada na unidade de saúde.
“O bebé está com prognóstico reservado nos nossos cuidados intensivos neonatais”, confirmou o diretor do serviço.
“Foi decidido pelo Conselho de Administração a abertura de um inquérito interno para apurar todos os contextos deste caso”, vincou.
INEM descreve resposta
Em nota enviada à RTP, o Instituto Nacional de Emergência Médica adianta que, “pelas 0h28 de hoje, foi recebida uma chamada no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, solicitando ajuda para uma grávida de 36 anos, com uma gestação de 38 semanas, que apresentava falta de ar“.”Depois de realizada a triagem clínica e prestado o aconselhamento necessário, o CODU acionou uma Ambulância de Socorro, às 0h36”.
“Depois de assistir a utente, a equipa da Ambulância informou o CODU, às 0h54, de que a vítima se encontrava em paragem cardiorrespiratória (PCR). Foi então acionada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do HFF”, lê-se na nota instituto.
“À 1h14, no local, a equipa médica da VMER implementou as medidas de Suporte Avançado de Vida (SAV) adequadas. A utente foi depois encaminhada para o HFF, com acompanhamento médico da equipa da VMER, onde deu entrada pela 1h48”, conclui.
Em comunicado, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) confirmou a instauração de um processo de avaliação ao caso do falecimento de uma utente grávida na Unidade Local de Saúde de Amadora/Sintra.
“Considerando que a ERS decidiu abrir um processo de avaliação e que a Inspeção-Geral das Atividade em Saúde (IGAS), no quadro das suas competências, também se encontra a averiguar a situação, através de um processo de inquérito, estes dois organismos decidiram cooperar de modo a obter todos os esclarecimentos necessários de forma complementar”, refere numa nota.