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O embaixador de Israel em Portugal, Oren Rozenblat, entende que Portugal está prestes a tomar uma decisão “errada” sobre o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal. “Agora é o tempo de guerra, precisamos de lembrar que os terroristas do Hamas no dia 7 de outubro assassinaram pessoas, violaram mulheres e incendiaram famílias vivas”, afirmou numa entrevista à CNN Portugal esta sexta-feira.

Disse ainda que por 20 anos, a Autoridade Palestiniana não fez eleições [último sufrágio foi em 2006]. Isto sobre uma das condições impostas pelo grupo de países, no qual se inclui Portugal, que pretende reconhecer o Estado da Palestina em setembro. “Dizem que vão fazer [eleições] em 2026, mas as palavras são grátis”, acusa.

O embaixador entende ainda que, com esta decisão, o “governo português apoia, dentro do povo palestiniano, os extremistas”. E acrescenta sobre a decisão do reconhecimento: “Isso é um prémio para o terrorismo.”

“Esta via do Hamas ganha por razão da decisão de Portugal e significa para os palestinianos menos extremistas que o Hamas ganha”, nota, garantindo que a Autoridade Palestiniana não controla o território da Faixa de Gaza [perdeu as eleições no enclave em 2006] e que “há muita guerra civil” dentro da área [Cisjordânia, marcada por conflitos com os colonos israelitas] por ela controlada.

“Para acabar a guerra na Faixa de Gaza é simples, tem de acontecer a libertação dos reféns e a desmilitarização do Hamas”, notou ainda.

Rozenblat acusou ainda o Hamas de estar a fazer uma “campanha de propaganda com a situação humanitária em Gaza“. Acusou o próprio canal a quem estava a dar a entrevista esta sexta-feira de participar dessa mesma propaganda por partilhar no seu site e emissão televisiva a fotografia de Mohammed Zakaria al-Mutawaq ao colo da mãe.

criança de um ano e meio fotografada em Gaza por sofrer de malnutrição tem uma condição médica pré-existente que foi revelada pelo New York Times esta quarta-feira, informação que acrescentou a um artigo sobre a fome em Gaza. Mohammed, que nasceu durante a guerra, foi igualmente diagnosticado com malnutrição severa, no entanto, pró-isrealitas têm defendido nos últimos dias que a sua história foi partilhada como meio de propaganda.

Rozenblat coloca mesmo em causa as mortes de 57 crianças palestinianas à fome na Faixa de Gaza. E  garantiu: “Todas tinham doenças”. Quando questionado sobre os dados de organizações de trabalho humanitário isentas, como a Médicos sem Fronteiras, o embaixador disse que nunca viu cenários de fome em que “só crianças sofrem e adultos não sofrem”. E repete: “Estas crianças sofrem de doenças graves antes da guerra e é por isso que eles são magros agora”.

Oren Rozenblat respondeu ainda às questões dos jornalistas da CNN Portugal sobre a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza, que tem sido impedida por parte das Forças de Defesa de Israel desde 7 de outubro de 2023. Houve raras e controladas visitas de imprensa com o exército israelita em que os profissionais ficam restringidos a uma determinada área e em que não conseguem entrevistar palestinianos.

Não deixámos, nem vamos deixar entrar no futuro”, disse, justificando a proibição com um cenário “muito complicado numa situação de guerra” e numa “zona em que os terroristas aparecem como civis”.

Ainda sobre o trabalho das organizações humanitárias em território palestiniano, dá o exemplo, muito usado por Telavive desde o ano passado, da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) que diz ser composta por uma “maioria de trabalhadores que são terroristas”.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]