Adrian Newey traçou paralelos entre os primeiros tempos da sua passagem pela Red Bull e o novo desafio que agora abraça na Aston Martin. Após 19 anos ao serviço da equipa de Milton Keynes, período em que conquistou oito títulos de Pilotos e seis de Construtores, o conceituado engenheiro britânico deixou a Red Bull e juntou-se à Aston Martin, assumindo o cargo de Managing Technical Partner. Desde março, Newey trabalha já no monolugar que a equipa de Silverstone pretende estrear em 2026, ano de uma profunda mudança regulamentar na Fórmula 1.

Em entrevista ao podcast de James Allen, Newey reconheceu que ainda é cedo para avaliar o progresso da sua nova equipa, sublinhando que a revolução técnica prevista para 2026 funcionará como um “reinício” para todo o pelotão. “Quando há uma grande alteração regulamentar, há sempre espaço para surpresas”, observou, recordando o exemplo de 2009, quando Ferrari e McLaren perderam terreno e equipas como a Brawn GP e a Red Bull emergiram na frente.

Apesar de acreditar que as equipas de topo manterão, em geral, a sua vantagem, Newey não descarta que uma estrutura média possa surpreender — embora evite colocar a Aston Martin nesse papel, por enquanto. “A verdade é que não faço ideia de onde estamos em relação aos outros, porque não sabemos o que eles estão a fazer”, afirmou.

Ao comparar a atual Aston Martin com a Red Bull dos seus primórdios, Newey destacou semelhanças no ambiente interno e nos desafios culturais. Quando chegou à Red Bull, a equipa era herdeira da Jaguar, uma estrutura sem historial de sucesso e afetada por anos de gestão sob a égide da Ford. A falta de confiança e de ambição era evidente — algo que o engenheiro identifica, em certa medida, também na Aston Martin.

“Quando comecei na Red Bull, era o que restava da Team Jaguar, que tinha estado sob gestão da Ford durante anos e nunca tinha alcançado verdadeiro sucesso. As pessoas começaram a perder a crença de que poderiam vencer uma corrida”, recordou Newey.

“Quando se perde essa crença, tudo começa a falhar: instala-se a complacência, a falta de motivação e, por vezes, até uma cultura de culpabilização. Foi difícil mudar isso na Red Bull. Não quero dizer muito, mas há um certo déjà vu neste momento.”

Com esta reflexão, Adrian Newey deixa implícito o seu principal objetivo na Aston Martin: recriar o espírito vencedor e a mentalidade coletiva que transformaram a Red Bull numa referência absoluta da Fórmula 1 moderna.