Yoan Valat / EPA

Marine Le Pen

“Cordão sanitário” rompido a nível nacional pela primeira vez. Uma vitória simbólica que diz muito.

Por uma margem mínima, a Assembleia Nacional francesa aprovou esta quinta-feira uma resolução não vinculativa apresentada pelo partido de extrema-direita União Nacional, liderado por Marine Le Pen. É um feito inédito, que já começou a levantar questões sobre a crescente normalização do partido.

A resolução, aprovada por 185 votos a favor contra 184 contra — principalmente de deputados de esquerda — apela à revogação de um acordo de 1968 com a Argélia que facilita a imigração argelina para França. A aprovação deve-se ao apoio decisivo de alguns deputados da direita e do centro, bem como à ausência de vários membros do partido do Presidente Emmanuel Macron, para razões não esclarecidas.

Embora o texto não tenha efeito legal, a aprovação representa uma enorme vitória simbólica para o União Nacional, até agora isolado pelo chamado “cordão sanitário”, uma regra não escrita que impede a colaboração com a extrema-direita.

“Pela primeira vez, um texto apresentado pelo União Nacional foi adotado”, declarou Le Pen, aproveitando a ocasião para pressionar novamente o Primeiro-Ministro Sébastien Lecornu a revogar o acordo.

A resolução conseguiu apoio inesperado fora do partido de Le Pen, incluindo 17 deputados do Horizons, partido de centro-direita do ex-Primeiro-Ministro Édouard Philippe. A ausência de Gabriel Attal, líder do partido Renaissance de Macron, também foi determinante: apenas 30 dos 92 deputados da EPR votaram contra, apesar de, anteriormente, Attal ter defendido publicamente a revogação do acordo face às crescentes tensões entre França e Argélia.

A esquerda criticou duramente este resultado, acusando Attal e o seu partido de permitir que a extrema-direita avançasse com um texto que consideram racista, concedendo ao mesmo tempo ao União Nacional uma vitória simbólica e inédita no Parlamento francês.


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