Demorou quase uma década, mas concretizou-se com sucesso: a aeronave supersónica X-59 que promete quebrar a barreira do som fez o seu primeiro teste experimental esta terça-feira.

O jato supersónico, mas silencioso, é conhecido por “Son of Concorde” (Filho do Concorde) em referência àquele que é o “pai” da aviação supersónica civil, escreve a Reuters. O Concorde, desenvolvido pela França e pelo Reino Unido nos anos 60, foi o primeiro avião comercial supersónico capaz de transportar passageiros. Deixou de ser operacional devido aos altos custos, ao “estrondo” sonoro e a um acidente no ano de 2000, em que morreram todas as 113 pessoas a bordo.

Esta é, portanto, a aeronave que vem igualar o Concorde, mas com, pelo menos, um problema resolvido: é desenhada para reduzir o “estrondo sónico explosivo”. A empresa Lockheed Martin, que desenvolveu o projeto da aeronave, garante que o som do X-59 foi diminuído para um “baque sónico”, semelhante ao som de bater com a porta de um carro.

A expectativa de fazer este projeto funcionar era tão elevada que a NASA decidiu pagar mais de 518 milhões de dólares (quase 450 milhões de euros) desde 2018 à empresa Lockheed Martin para desenvolver, e agora exibir, o “Son of Concorde”.

A uma velocidade de 370 km/h e altitude máxima de 3.660 metros, o X-59 sobrevoou pela primeira vez o deserto do sul da Califórnia no passado dia 28 de outubro e cumpriu com o que prometia. Com pouco menos de 30 metros, a aeronave descolou das instalações da Lockheed Martin pouco depois do nascer do sol e dirigiu-se para norte, em direção ao Centro de Pesquisa de Voo Armstrong da NASA, em Edwards, na Califórnia, onde aterrou uma hora depois. O voo foi acompanhado por um avião de monitorização da NASA e cerca de 200 trabalhadores aeroespaciais, bem como os seus familiares, puderam assistir à descolagem.

“Estamos entusiasmados com o sucesso do primeiro voo do X-59”, revelou o vice-presidente da Lockheed Martin, OJ Sanchez, citado em comunicado divulgado pela empresa após o primeiro voo experimental. “Esta aeronave é uma prova da inovação e da experiência da nossa equipa, e temos orgulho em estar na vanguarda do desenvolvimento de tecnologia supersónica silenciosa”, defendeu.

Segundo a empresa Lockheed Martin, esta inovação vem resolver o problema dos voos comerciais supersónicos, que foram proibidos nas áreas povoadas devido à elevada poluição sonora.

“O X-59 é um símbolo da habilidade americana. O espírito americano não conhece limites. Faz parte do nosso ADN — o desejo de ir mais longe, mais rápido e ainda mais silenciosamente do que qualquer um jamais foi”, afirmou Sean Duffy, Secretário de Transportes dos Estados Unidos e Administrador interino da NASA.

A nave é construída para, no seu limite, atingir os 1.490 km/h e altitude máxima de 16.764 metros — mais do dobro da altura e velocidade de aviões convencionais.

No mês passado, a NASA já tinha informado que o primeiro voo do X-59 seria um “loop de baixa altitude, cerca de 368 km/h, para verificar a integração do sistema, dando início a uma fase de testes de voo focada na verificação da segurança da aeronave”. Depois do sucesso deste primeiro teste, está planeado que os próximos sejam viagens mais rápidas, com mais altitude e “eventualmente excedendo a velocidade do som” — aproximadamente 1.224 km/h.

*Editado por Cátia Andrea Costa

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