Nuno Moreno tomou posse, esta sexta-feira, como vereador independente, desvinculando-se do grupo do PS e abandonando o executivo municipal, alegando, em declarações, à Lusa, incompatibilidades pessoais e políticas com Isabel Ferreira, presidente da câmara.
“Houve uma profunda e grave quebra de confiança, de lealdade política e pessoal, de lisura política e pessoal, entre mim e a professora Isabel Ferreira, já no período de pré-campanha, depois no período de campanha e depois de obtida a vitória das eleições”, adiantou Nuno Moreno, salientando que “não há condições para trabalhar” com a presidente do município.
Nuno Moreno era o número dois da lista de Isabel Ferreira, mas uma vez que se desvinculou, passa a vereador independente, sem pelouros.
Assim, o executivo municipal de Bragança será composto por três membros do Partido Socialista (com pelouros) três candidatos do Partido Social-Democrata (sem pelouros) e um candidato independente (sem pelouro).
Confrontado se fará um trabalho de oposição em relação às propostas dos membros eleitos com pelouros, Nuno Moreno garantiu, à Lusa, que não se coloca na posição de oposição.
O atual vereador independente destacou que o seu papel será de “fiscalização das propostas e medidas”, “contribuição e colaboração e respeito institucional”, mas como um “mandato de responsabilidade e consciência”, não estando subordinado às “imposições” da presidente da câmara, atuando consoante as suas “convicções”.
“Pretendo ser um elemento charneira e o meu voto será sempre de balança”, disse, acrescentando que “vai obrigar a um diálogo mais profundo” e “não a algum autoritarismo”, acreditando ser “muito mais vantajoso” para Bragança.
Isabel Ferreira perdeu assim o vice-presidente e terá de escolher um novo membro da lista para ocupar o cargo. Questionada pelos jornalistas, disse não querer adiantar já um nome.
Quanto à decisão de Nuno Moreno, Isabel Ferreira assegura que é “insignificante” e que “nada” mudará. “Acredito que vai tudo vai correr bem. Não terá naturalmente a minha confiança política para atribuição de um pelouro. Tudo o resto, os trabalhos continuarão com toda a naturalidade. Não podemos dizer que é 3,3,1, depende, não sabemos qual é o sentido de votação e provavelmente deve oscilar consoante os dossiers e os assuntos que foram tratados”, disse.
Já a Comissão Política Concelhia do PS de Bragança manifestou, num comunicado enviado à Lusa, a sua reprovação pela decisão de Nuno Moreno.
“Esta atitude representa uma clara rutura com o compromisso coletivo e com o projeto político que os brigantinos escolheram de forma livre e democrática nas últimas eleições autárquicas”, afirmou a concelhia de Bragança, vincando que se não se sente parte integrante da equipa “não deve permanecer agarrado a lugares, numa lógica de suposta legitimidade de independência que não tem, nem lhe foi conferida”.
Face a esta posição, a Comissão Política Concelhia do PS de Bragança entende que “fica irremediavelmente comprometida a confiança política que o Partido Socialista havia depositado no vereador Nuno Moreno, bem como a possibilidade de qualquer aproximação ou entendimento, no presente ou no futuro”, depositando “total confiança em Isabel Ferreira”.