Ángel Hidalgo Garrido

Primeiro lince-ibérico branco captado em fotografia
A descoberta notável foi feita por um fotógrafo amador no sul de Espanha. Os especialistas especulam que a cor branca será uma adaptação às condições ambientais.
Imagine ser um fotógrafo amador e dar de caras com um raro lince-ibérico num dos seus passeios. Agora, imagine ser um fotógrafo amador e dar de caras com um raro lince-ibérico com a pelugem totalmente branca, ao contrário do seu pêlo tipicamente castanho.
Foi isto o que aconteceu a Ángel Hidalgo Garrido, um fotógrafo amador espanhol que captou a primeira imagem de sempre de um lince-ibérico “branco como a neve” e com “olhos penetrantes”, nas palavras do próprio.
O encontro inesperado aconteceu no dia 22 na serra da província de Jaén, no sul de Espanha. A localização exata onde do lince foi mantida em segredo, de forma a evitar riscos de caça furtiva. Apesar do recente crescimento populacional, o lince-ibérico continua a ser uma espécie “vulnerável” de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
A descoberta de Ángel Hidalgo Garrido não foi totalmente aleatória. O animal já tinha sido detetado numa câmara de foto-trapping, um método para captar os animais sem presença humana, o que levou a que o fotógrafo partisse para o terreno em sua busca. “Tinha que ver esta maravilha com os meus próprios olhos“, explica, numa publicação no Facebook.
Depois de meses sem sucesso e já perto de desistir, o seu desejo tornou-se realidade. “Ao observar pela primeira vez um “Lince Ibérico branco” com o seu pelo de inverno branco como a neve e aqueles olhos penetrantes, fiquei paralisado, não podia acreditar no que estava a ver. Senti-me muito sortudo por testemunhar este momento, por poder ver este grande lince no seu habitat natural”, refere.
A explicação para a pelugem branca do animal continua a ser um mistério. Especula-se que o animal poderá ter leucismo, uma anomalia genética rara que provoca ausência parcial ou total de pigmentação na pele e no pelo, mas mantém olhos com a cor normal, ao contrário dos albinos.
No entanto, Javie Salcedo, o coordenador do plano de recuperação de linces ibéricos na Andaluzia, tem outra teoria. “Não é albinismo nem leucismo e estamos a investigar o que terá acontecido, e pensamos que pode estar relacionado com a exposição a algo ambiental“, afirma ao El País.
O especialista sustenta a sua tese no facto de o animal ter o “padrão característico de manchas pretas da espécie” e também por já haver registo de um outro lince ibérico com uma condição semelhante que mais tarde recuperou a cor natural.
Apesar de ainda continuar a ser uma espécie ameaçada, os esforços de Portugal e Espanha para proteger o lince-ibérico da extinção têm dado frutos, com a população total na Península a ultrapassar os 2000 exemplares em 2023.