A bebé nasceu de uma cesariana de emergência na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra e morreu hoje de manhã, um dia após a morte da mãe. 


O Hospital Amadora-Sintra esclareceu ainda que a menina estava em coma profundo desde o nascimento e sem qualquer reflexo neurológico.


A mãe, uma mulher de 36 anos de nacionalidade guineense, deu entrada no hospital na madrugada de sexta-feira já em paragem cardiorrespiratória. Estava grávida de 38 semanas e tinha estado na quarta-feira numa consulta de rotina, tendo sido mandada para casa.

Numa nota enviada para a agência Lusa, o Ministério da Saúde “manifesta o seu profundo pesar” pelo falecimento do bebé, explicando que “a criança não resistiu às lesões sofridas após a mãe ter entrado em paragem cardiorrespiratória no seu domicílio”.



“A ministra da Saúde apresenta sentidas condolências à família e amigos pela morte desta mulher e do seu bebé, partilhando a dor por esta tragédia”
, acrescenta o gabinete de Ana Paula Martins.

A mãe estava grávida de 38 semanas, tendo chegado a Portugal a 3 de setembro. Vinha da Guiné-Bissau e tinha familia em Lisboa. 


A mulher foi a uma consulta no Hospital Amadora-Sintra esta quarta feira, onde acusou tensão ligeiramente alta. A pré eclampsia foi descartada e teve alta. 




No dia seguinte de madrugada, a grávida entrou em paragem cardiorespiratória e não sobreviveu.

A RTP apurou que a causa de morte terá sido um enfarte. 


Diogo Ayres de Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia, assume que os casos de grávidas em final de gestação são cada vez mais comuns nos hospitais portugueses. 


Já Nuno Clode, da Sociedade de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, alerta para a falta de informação neste tipo de casos, sendo que um parto “é uma situação que rapidamente se pode tornar muito complexa”. 


Considera mesmo que esse é um dos motivos que leva os profissionais de saúde a evitarem a especialidade de Ginecologia e Obstetrícia. 


Ministra não se demite


Na sexta-feira, a ministra Ana Paula Martins foi ouvida no Parlamento no âmbito da discussão do OE2026, onde foi questionada sobre as consequências políticas na sequência da morte de grávida no Hospital Amadora-Sintra. 

“Não, não me demito”, afirmou Ana Paula Martins após ser interpelada por Marta Silva, uma deputada do Chega, que recordou o pedido de demissão por parte da antiga ministra da Saúde, Marta Temido, em agosto de 2022, na sequência da morte de uma grávida.

“Nessa altura, o PSD foi o primeiro a exigir responsabilidades políticas imediatas. Hoje, perante esta tragédia que se repete, onde é que está essa exigência? Onde está a coerência? (…) O Governo que prometeu devolver confiança ao SNS vai ou não assumir responsabilidade política por esta morte?”, questionou Marta Silva.


Na resposta, a ministra ressalvou que esta é “uma matéria de natureza clínica” e lamentou a morte da grávida. Ana Paula Martins assinalou que esta mulher “não teve acompanhamento até à data em que entrou pela primeira vez no Hospital Amadora-Sintra já com 38 semanas”.


Ainda antes de ser questionada sobre este caso em concreto, a ministra da Saúde afirmou no Parlamento que os partos que têm ocorrido fora dos hospitais estão acima de tudo relacionados com gravidezes que não são seguidas no Serviço Nacional de Saúde.

Ana Paula Martins apresentou também os dados sobre partos fora dos hospitais, reiterando que o número tem vindo a diminuir desde 2022 e que, na maioria dos casos, são grávidas sem médico de família, “recém-chegadas a Portugal, com gravidezes adiantadas”.

Nestes casos, referiu a ministra, algumas destas mulheres “não têm dinheiro para ir ao privado”, “nem falam português”, não “foram preparadas para chamar o socorro” e por vezes “nem telemóvel têm”.


(com Lusa)