Depois de Augusto Santos Silva e Ferro Rodrigues, Marta Temido adensa a lista de socialistas que preferiam outro candidato que não aquele que tem o apoio oficial do PS e admite mesmo que não vai apoiar António José Seguro. Em entrevista à CNN Portugal, a ex-ministra da Saúde e eurodeputada diz que “gostava que tivesse havido uma outra constelação de candidatos”. Questionada diretamente sobre se seguirá a indicação do PS, recusa-se a fazê-lo: “Não irei apoiar nenhum dos candidatos. Vou votar, mas publicamente não irei apoiar nenhum dos candidatos.”

Marta Temido tinha dito em julho que António Sampaio da Nóvoa teria o seu apoio se se candidatasse e lamenta que o antigo reitor da Universidade de Lisboa não tenha avançado. A eurodeputada e ex-ministra sente uma mágoa por “num momento muito importante das nossas vidas coletivas” ninguém com esse perfil tenha avançado: “Se ficarmos todos a medir as nossas probabilidades de sucesso, ficamos presos e amarrados.”

Na mesma entrevista, a antiga ministra da Saúde recusou-se a pedir diretamente a demissão de Ana Paula Martins, embora tenha sido muito crítica da gestão na Saúde do atual Governo. Marta Temido lembrou: “Na minha experiência como ministra da Saúde, os portugueses habituaram-se a confiar em mim. E, quando senti que confiança estava em causa, entendi dar um sinal. Com outros titulares a avaliação pode ser diferente”.

Marta Temido manifesta “repúdio” pelas declarações de Ana Paula Martins sobre as grávidas que não têm telemóvel, pois diz ser uma desresponsabilização do papel da tutela. Porém, questionada diretamente se defende a demissão da ex-ministra da Saúde, foi clara: “Não me parece que ajude nada.” Acrescenta depois que, “se olhasse para trás”, podia ter ajudado mais se não tivesse pedido a demissão. Não se esquece, porém, que na altura “todo o PSD, desde Montenegro a Miguel Pinto Luz, dizia: ‘já vai tarde’.” Porém, explica, o “momento é muito mais grave e perturbador do que é apenas essa avaliação.”

A ex-ministra socialista disse ainda que os ministros da saúde sucessores de outros “não são ineptos nem tolos”, daí que haja “vantagem em existir continuidade de políticas”. Daí que lamente a “decapitação de chefias intermédias” que este Governo levou a cabo.