Planejar uma gravidez envolve muito mais do que parar o anticoncepcional. Para garantir uma gestação saudável e reduzir riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, a mulher deve adotar cuidados médicos e mudanças no estilo de vida ainda antes da concepção.

Além disso, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 8% e 12% dos casais em idade fértil enfrentam dificuldade para gerar um filho. Esse dado reforça a importância de iniciar o planejamento o quanto antes.

De acordo com o ginecologista e obstetra Leonardo Gobira, investir no período pré-concepcional pode fazer toda a diferença para a saúde reprodutiva e fetal. Com o preparo adequado, muitos problemas podem ser evitados.

Segundo ele, o primeiro passo é procurar um ginecologista experiente para avaliar o histórico clínico e investigar possíveis doenças preexistentes.

“Planejar a gravidez com antecedência reduz muito os riscos. Exames laboratoriais ajudam a identificar possíveis desequilíbrios ou doenças silenciosas. A gente analisa tudo: anemia, função da tireoide, infecções silenciosas, e até sorologias importantes para proteger o bebê”, destaca.

Invista em exames preventivos

Logo após a primeira consulta, o médico costuma solicitar exames ginecológicos, como papanicolau, colposcopia e ultrassonografia transvaginal. Em alguns casos, também pode recomendar histerossalpingografia.

Além disso, quando necessário, o casal realiza exames complementares, como espermograma e testes genéticos, conforme o histórico familiar. Tudo isso contribui para mapear fatores que possam interferir na fertilidade.

Cuide da alimentação e da suplementação

Outro ponto essencial, conforme destaca Gobira, é a nutrição. A alimentação equilibrada, aliada à suplementação com vitaminas e minerais, fortalece o organismo para uma gestação segura.

O médico, que integra a diretoria do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM/AM), chama atenção especialmente para o ácido fólico. Ele recomenda iniciar o suplemento no mínimo um mês antes da gravidez.

“A dose recomendada de ácido fólico é de 5 mg por dia. A mulher precisa estar com reservas nutricionais adequadas. Ferro, ácido fólico, cálcio, ômega-3, zinco… tudo isso faz diferença no desenvolvimento fetal”, orienta.

Adote um estilo de vida saudável

Para além dos exames e da alimentação, é preciso rever hábitos. Gobira reforça que o estilo de vida tem impacto direto sobre a fertilidade e o bem-estar da gestante.

Por isso, ele orienta a suspender o consumo de cigarro e álcool, dormir bem, manter a hidratação e praticar exercícios físicos leves.

“Esse é o momento de parar com o cigarro e o álcool. Além disso, reduzir o estresse, dormir bem e praticar atividade física leve são atitudes que ajudam muito na regulação hormonal e na preparação do corpo. Evitar dietas restritivas, manter boa hidratação e priorizar o equilíbrio emocional também entram na lista de recomendações”, pontua.

Atualize as vacinas

Outro cuidado que não pode ser deixado de lado é o calendário vacinal. Conforme orienta o obstetra, a mulher deve atualizar suas vacinas antes de engravidar.

“A tríplice bacteriana, por exemplo, deve ser aplicada pelo menos 30 dias antes da concepção. Outras, como hepatite B, gripe e dTpa, também são indicadas. Elas protegem a mãe e o bebê”, alerta o especialista.

Nesse sentido, ele recomenda que o esquema vacinal esteja completo ainda na fase de planejamento. Além disso, é importante evitar a concepção enquanto a mulher estiver no meio de uma imunização em curso.

Investigue perdas gestacionais

Para casais que enfrentaram duas ou mais perdas gestacionais, Gobira indica uma investigação completa. Segundo ele, fatores genéticos, hormonais ou imunológicos podem estar envolvidos — e muitos deles têm tratamento.

“Quando a mulher teve duas ou mais perdas gestacionais, a gente precisa investigar a fundo. Pode ser uma questão genética, hormonal, imunológica e, muitas vezes, essas causas têm tratamento. Não é para perder a esperança”, reforça o médico.

Durante a investigação, o obstetra pode solicitar exames como cariótipo do casal, avaliação da função tireoidiana, testes para síndrome do anticorpo antifosfolípide, além de análise da progesterona e exames anatômicos.

“Em alguns casos, indicamos o uso de progesterona no primeiro trimestre, ou levotiroxina para regular a tireoide. Quando há risco de trombose, usamos anticoagulantes como AAS e enoxaparina. Tudo com muito critério e acompanhamento. É muito comum a mulher ter medo de uma nova perda ou de não conseguir engravidar. Por isso, o acompanhamento psicológico pode ser muito importante. A gente cuida do corpo, mas também precisa acolher as emoções”, completa.

Cuide do pós-parto

Os cuidados continuam mesmo após o nascimento do bebê. Para o obstetra, o puerpério exige atenção, acolhimento e informação. Nesse período, a mulher precisa descansar, manter a alimentação equilibrada e cuidar da saúde emocional.

“Depois do parto, é essencial respeitar o tempo do corpo, cuidar dos pontos, da alimentação e da amamentação. A consulta de puerpério deve acontecer logo nos primeiros dias e ajuda a evitar complicações”, afirma o obstetra.

Além disso, o bebê também precisa de acompanhamento. Gobira orienta atenção especial à amamentação, testes de triagem, vacinação e cuidados com o coto umbilical.

“A amamentação, os testes de triagem, a vacinação e o cuidado com o coto umbilical são prioridades nos primeiros dias de vida. Qualquer sinal de alerta, como febre, sonolência excessiva ou dificuldade para mamar, deve ser avaliado”, conclui.

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