Mais de cinco anos após a chegada do SARS-CoV-2 no Brasil, pesquisadores identificam novo coronavírus em morcego do MaranhãoFoto: Reprodução/BioDiversity4All/ND
Uma descoberta de cientistas brasileiros e estrangeiros acendeu alerta para a saúde pública: um novo tipo de coronavírus foi identificado em morcegos do Brasil, com proteína semelhante à encontrada no vírus que originou a pandemia da covid-19.
A semelhança foi observada na proteína spike, estrutura usada pelo vírus para invadir células humanas. Apesar disso, a pesquisa divulgada na última segunda-feira (27) ainda é preliminar e não há evidências de que o novo coronavírus infecte pessoas ou represente risco imediato de transmissão.
Os cientistas reforçam a necessidade de ampliar o monitoramento genético de vírus na América do Sul, região até agora pouco estudada em comparação à Ásia. Segundo o Estadão, o estudo foi liderado por cientistas brasileiros, japoneses e de outro países.
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Foram analisadas amostras de tecido intestinal de morcegos capturados em áreas rurais e florestais do Maranhão e de São Paulo. Em um exemplar da espécie Pteronotus parnellii, encontrado em Riachão (MA), foi identificado um genoma viral batizado de BRZ batCoV.
Novo coronavírus foi identificado em amostra de tecido intestinal da espécie de morcego Pteronotus parnelliiFoto: Alex Borisenko/Biodiversity Institute of Ontario/ND
O vírus chamou atenção dos pesquisadores pela semelhança com o SARS-CoV-2 (causador da pandemia de covid-19) e o MERS-CoV (causador da síndrome respiratória no Oriente Médio em 2012).
O ponto principal da descoberta do novo coronavírus é a presença de uma sequência conhecida como sítio de clivagem da furina, estrutura que permite a ativação da proteína spike e pode facilitar a entrada do vírus nas células. Essa mesma característica é uma das responsáveis pela alta transmissibilidade da covid-19.
Ainda não há comprovação de que o novo coronavírus possa infectar humanosFoto: Fusion Medical Animation/Unsplash/ DIvulgação/ ND
Os cientistas destacam que esse tipo de sítio já foi observado em outros vírus altamente patogênicos, como os da gripe aviária e do Ebola, o que indica que essa adaptação evolutiva pode surgir naturalmente em diferentes famílias de vírus.
Mesmo assim, os autores reforçam que não há indícios de que novo coronavírus seja capaz de infectar humanos e ressaltam a importância de fortalecer a vigilância viral em animais silvestres tropicais, especialmente morcegos, reconhecidos reservatórios de vírus emergentes.
Pandemia pode voltar? Entenda descoberta do novo coronavírus no Brasil
- O que foi descoberto? Um novo tipo de coronavírus foi identificado em morcegos do Maranhão e São Paulo, com semelhança genética ao SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de covid-19.
- Por que a descoberta é importante? O novo coronavírus contém um sítio de clivagem da furina, sequência de aminoácidos reconhecida pela enzima humana furina capaz de ativar a proteína spike do vírus. A proteína é uma espécie de chave usada para “abrir a fechadura” da célula humana e infectá-la.
- Há risco para humanos? Não há risco comprovado. Até o momento, não existe nenhuma evidência de que o novo coronavírus infecte pessoas.
- Onde foi publicada a pesquisa? O estudo está disponível na plataforma científica bioRxiv e ainda aguarda revisão por outros pesquisadores.
- O que acontece agora? O artigo reforça a necessidade de vigilância genômica constante, sobretudo na América do Sul, para identificar precocemente vírus com potencial zoonótico.