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O tribunal ordenou entretanto a nomeação de um advogado oficioso para a defesa de José Sócrates. O novo representante do antigo primeiro-ministro entrou na sala de audiências e prossegue a sessão prevista para esta quarta-feira, durante a qual serão ouvidas testemunhas.
Este desenvolvimento foi confirmado aos jornalistas que acompanham o julgamento da Operação Marquês por fonte do Tribunal Central Criminal de Lisboa.A renúncia produz “efeitos imediatos”, nos termos do requerimento de Pedro Delille.
Na origem da decisão do advogado estará o diferendo que este protagonizou com o coletivo de juízes do processo, desde logo a juíza-presidente, Susana Seca.
“Informo vossa excelência que renuncio ao mandato que me foi conferido pelo senhor engenheiro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa para o representar no processo acima referenciado, o que faço por razões deontológicas: fiquei definitiva e absolutamente convencido, após o episódio da passada quinta-feira, que soma a tudo o resto oportunamente denunciado, de que continuar neste julgamento violenta em termos insuportáveis a minha consciência e a ética que me imponho, a minha independência, integridade e dignidade profissional e pessoal – repudio e recuso participar e validar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento, neste julgamento a brincar“, escreveu Pedro Delille na exposição de renúncia, a que a RTP teve acesso.
Pedro Delille representava José Sócrates há 11 anos, desde a o momento da detenção do antigo primeiro-ministro socialista, à chegada de Paris, no Aeroporto de Lisboa. Partilhou, inicialmente, a defesa com João Araújo, advogado que viria a morrer de doença.
O diferendo
Pedro Delille fora objeto de uma participação à Ordem de Advogados na sequência da última sessão do julgamento – o tribunal considerou então que o comportamento do advogado entrou em rota de colisão com deveres deontológicos.O causídico chegou atrasado à sessão e Sócrates chegou a ser representado por uma advogada oficiosa.
Recorde-se que estava então prevista a inquirição da mãe do antigo primeiro-ministro. Mas Pedro Delille apresentou, na véspera, um atestado médico, alegando que o quadro de saúde da testemunha, agora com 94 anos de idade, inviabilizava a sua presença no julgamento.
A juíza-presidente indicou que Delille justificou, ao telefone, ter presumido que a sessão teria início após as 9h30, tendo em conta a apresentação do atestado. Susana Seca impediria mais tarde o advogado, já no decurso da sessão, de se explicar.
“Não me vai ralhar”, disse Delille. “Acabou a brincadeira”, rematou a juíza.