Washington e Pequim decidiram trazer de volta um instrumento diplomático que foi fundamental para evitar durante décadas um conflito entre potências nucleares

Os governos dos Estados Unidos da América e da China chegaram a acordo para reabrir a comunicação direta entre os exércitos de ambos os países, de forma a evitar possíveis incidentes e reduzidas tensões. O anúncio foi feito pelo secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, depois do encontro entre os presidentes dos dois países.

Após o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, na Coreia do Sul, Hegseth encontrou-se com o ministro da Defesa Nacional chinês, o almirante Dong Jun, na Malásia, onde os dois lados acordaram estabelecer um canal de comunicação mais estreito entre as duas superpotências. 

“O almirante Dong e eu concordamos que a paz, a estabilidade e as boas relações são o melhor caminho para os nossos dois grandes e fortes países”, escreveu Pete Hegseth numa publicação no Twitter, onde acrescentou que o Pentágono vai atuar com esse espírito, através “da paz, força, respeito mútuo, e relações positivas”, disse. 

Apesar de não resolver disputas fundamentais entre os dois países, como Taiwan ou a guerra comercial entre as duas nações, este acordo pode evitar mal-entendidos entre os dois mais poderosos exércitos do mundo, particularmente numa altura em que a tensão entre a China e vários aliados americanos na região atinge níveis históricos. 

Um desses casos aconteceu no início de junho, com um navio da guarda costeira chinesa a colidir com um navio de patrulha filipino, numa região marítima reivindicada por Manila, mas controlada por Pequim. Quatro tripulantes filipinos ficaram feridos e o navio ficou danificado. O incidente levou o Pentágono a ativar consultas de emergência com as Filipinas, país com o qual os norte-americanos têm um acordo de defesa mútuo. 

O regresso do “telefone vermelho”, como ficou conhecida a linha de comunicação estabelecida em 1962 entre os Estados Unidos e a União Soviética após a Crise dos Mísseis de Cuba, abre a porta a que sejam cometidos menos erros e a uma redução da tensão entre os dois países.