Nesta terça-feira, no 1-1 em Turim, o Sporting esteve durante largos minutos a fazer a Juventus correr atrás da bola. Foram minutos a fio com o famoso jogo da “rabia” em plena Liga dos Campeões, algo que chegou a deixar água na boca sobre como poderia ter sido o jogo. Mas os “leões” também sofreram – e não foi pouco.

A Juventus, mesmo com menos bola, criou perigo com verticalidade e jogo directo. No fim de contas, o empate acaba por ser “simpático” dados os lances salvos por Rui Silva, os largos minutos sem qualquer remate “leonino” e o baixo valor de golos esperados (0,21 contra 1,35).

Koopmeiners ajuda

Entre duas equipas com filosofias de jogo totalmente opostas – uma controladora e que pensa o jogo em combinações curtas e outra mais acutilante e prática no ataque à baliza –, o jogo em Turim foi muito rico no plano táctico.

A Juventus levou o já esperado 3x4x3, mas com a surpresa de Cambiaso à esquerda e McKennie à direita – e foi por isso que o lado preferencial do ataque tenha sido o corredor canhoto.

O Sporting pressionava quase sempre com um bloco médio-alto e o jogo da Juventus era relativamente simples de identificar: bola vertical num dos avançados-interiores, que arrastavam o lateral do Sporting em apoio frontal, deixando espaço nas costas para colocar uma bola longa – foi assim aos 6’, com Yildiz a tirar Vagiannidis da posição, aos 9’, com McKennie a tirar Maxi, aos 19’, com novamente Yildiz, e aos 34’, com o golo da Juventus.

Nesse lance, o Sporting pressionou alto, mas a defesa estava baixa. Koopmeiners, como central da esquerda, dava o passe vertical que Spalletti tanto queria dele e solicitou Yildiz em apoio.

Criado o desequilíbrio, houve cruzamento de Thuram para Vlahovic – Inácio estava a ver o lance de frente e sabia desde início que teria de compensar Diomande, que iria dobrar Vagiannidis, mas foi muito lento a aproximar-se de Vlahovic.

Sporting com bola

Este era o 1-1, porque antes disso já tinha havido um “banho de bola” por parte dos “leões”. O Sporting esteve cerca de 25 minutos a fazer a Juventus correr atrás da bola, aproveitando a completa impreparação da equipa italiana no momento defensivo. João Simões, Pote e Trincão estiveram em movimentação permanente e a Juventus, com Yildiz e Conceição muito abertos, tinha uma cratera no meio do campo – sem se perceber o motivo, já que a vantagem de jogar em 3x4x3 é precisamente não precisar de abrir tanto os avançados em momento defensivo.

Simões alargava muito e arrastava um jogador e Pote baixava para aproveitar o espaço deixado aberto no meio – era um risco tremendo em caso de perda de bola, mas o Sporting conseguia sempre jogar por dentro, com posses de bola seguras e muito prolongadas.

Quando os “leões” queriam acelerar, conseguiam encontrar alguém com espaço entre linhas – como no golo aos 12’, com Ioannidis com um primeiro toque soberbo em apoio frontal e Trincão a abrir para Maxi, que rematou cruzado para o festejo.

Pouco depois, em mais uma jogada de Juventus a “cheirar a bola”, Trincão atirou à trave, outra vez com Simões a abrir o campo para Pote jogar entre linhas.

Juventus acutilante

A Juventus, apesar de não conseguir jogar, tinha sempre uma força que já tinha sido destacada na antevisão da partida: a predilecção por cruzamentos. Fê-lo aos 17’ e 19’, com dois lances finalizados por Vlahovic – um deles com defesa tremenda de Rui Silva, que ainda negou outro lance logo a seguir.

A Juventus tinha muito menos bola e controlo, mas criava bastante mais perigo, com muita acutilância, sobretudo no lado esquerdo do ataque – Vagiannidis sofreu muito com Cambiaso, Yildiz e Koopmeiners, o tal central que Spalletti queria a criar problemas na frente.

Para a segunda parte Spalletti pareceu corrigir posicionamentos, sobretudo no momento sem bola, e o Sporting teve mais dificuldade para jogar por dentro. E também os “leões” esfriaram a pressão tão alta, algo que deixou o jogo mais “amarrado” do que na primeira parte, que teve muito espaço para se jogar.

Rui Borges quis um lado direito novo para os últimos 25 minutos (Quenda e Vagiannidis sofreram muito) e isso também ajudou a estancar a melhor via ofensiva da Juventus.

Numa segunda parte quase “sem balizas”, Rui Silva ainda salvou o Sporting em novo cruzamento e cabeceamento perigosos da Juventus. É um empate que saberá bem ao Sporting.